Se em “Borat” (2007) e “Bruno” (2009) a parceria entre o
diretor Larry Charles e o ator Sacha Baron Cohen promovia uma ousada mistura
entre ficção e documentário, em “O ditador” (2012) eles abandonam essa
estrutura narrativa e investem numa trama puramente ficcional. Isso não quer
dizer, entretanto, que perderam a criatividade e a ironia ácida características
das produções anteriores. A narrativa farsesca oscila entre o grotesco e o
escatológico ao expor sem cerimônias os preconceitos e contradições da
sociedade ocidental. Por vezes, o filme até brinca com uma certa concepção
formal mais tosca, num registro estético que beira o documental, como se
sugerisse que estivéssemos vendo uma grande reportagem. A brincadeira com
estereótipos grosseiros de racismo e obscurantismo junto a um estilo de
narrativa que parece ter um tom aleatório aos poucos revelam uma arguta coerência
artística da obra. Os questionamentos levantados pelo filme, observados com uma
olhar mais clínico, revelam até uma sutileza a expor dilemas complexos do
panorama político mundial. E por mais que busque o riso do espectador, revela
amargura e perplexidade com os caminhos atuais da humanidade.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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Um comentário:
Embora ainda prefira Borat, O Ditador é recomendado para aqueles que procuram uma comédia sem papas na língua.
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