O britânico Edgar Wright era o nome inicialmente previsto
para dirigir “Homem-Formiga” (2015). Devido a tradicionais diferenças criativas
com produtores, acabou cedendo o lugar para Peyton Reed. Ainda sim, dá para
sentir algo do particular talento de Wright no filme em questão (ele é até
creditado como um dos autores do roteiro). A combinação entre aventura
escapista e toques de humor não é tão azeitada quanto nos brilhantes “Chumbo
Grosso” (2007) e “Scott Pilgrim contra o mundo” (2010), mas ainda sim rende uma
obra bem satisfatória dentro do gênero “super-herói”. Ao contrário dos excessos
melodramáticos e das cenas de ação genéricas de “Vingadores – A era de Ultron”
(2015), “Homem-Formiga” se destaca pela concisão de sua trama e por sequências marcantes
de pancadaria. O roteiro faz uma eficiente síntese entre elementos típicos de
HQs e ficção-científica B (aliás, as explicações científicas sobre os fenômenos
da redução de tamanho e comunicação com formigas são até bem convincentes e
divertidas), além de revelar uma veia cômica afiada, sem cair naquelas
piadinhas infames e burocráticas de Tony Stark. As trucagens digitais de grafismo
expressivo estão em sintonia com o espírito nostálgico da produção. No mais, “Homem-Formiga”
consegue manter o padrão de qualidade dos estúdios Marvel – a adaptação se
mostra acessível para neófitos e também agrada aos “marvetes” roxos ao
preservar a essência dos quadrinhos. E cada vez mais a interação entre as
produções do estúdio se mostra natural e coerente, configurando um universo de interessantes
possibilidades criativas.
Homem Formiga é uma prova que aventuras de super heróis no cinema podem ser tanto descompromissadas, como também ricas em detalhes dos quais nós meros mortais não enxergamos ao olho nu.
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