Aparentemente, “Mentiras Sinceras” seria apenas mais um suspense com uma visão moralista sobre o adultério. Com o desenrolar da sua trama, entretanto, o filme vai surpreendendo cada vez mais o espectador. Isso porque o mistério e o suspense são dispensados logo depois da meia hora inicial do filme, com o diretor Julian Fellowes se concentrando muito mais numa visão crua e arguta sobre os relacionamentos humanos. O interesse maior do cineasta está muito mais em mostrar a incapacidade do protagonista James Manning (Tom Wilkinson), um advogado bem sucedido profissionalmente, em entender as razões que levaram sua esposa (Emily Watson) a traí-lo com um playboy aristocrata (Rupert Everett, numa caracterização interessantemente sebosa). A narrativa de Fellowes oferece ao filme uma atmosfera cada vez mais sufocante, à medida que a incapacidade emocional de Manning para lidar com a situação vai ficando progressivamente mais evidente. Aliado isso, há em “Mentiras Sinceras” uma elegância no filmar notável, em que os campos interioranos ingleses são mostrados em toda a sua plácida beleza, contrastando de forma precisa com o verdadeiro turbilhão emocional que é a vida dos personagens.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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