O diretor José Joffily parece traçar um verdadeiro universo
paralelo no documentário “Prova de artista” (2011): dentro de um país como o
Brasil, onde predomina no quotidiano das pessoas ritmos musicais populares e “dançáveis”,
o filme focaliza o quotidiano de jovens instrumentistas de música clássica em
busca de espaço em alguma orquestra. A obra cinematográfica em questão procura,
dentro de sua estrutura formal, uma sintonia espiritual e estética com o próprio
gênero musical que aborda – a condução da narrativa tem um tom rigoroso,
valoriza o silêncio na mesma medida que privilegia a música, por vezes evoca
uma atmosfera quase solene e busca equacionar emoção e cerebralismo. Por mais
que enfatize como aspectos sociais e íntimos podem afetar a trajetória
profissional de seus protagonistas, “Prova de
artista” deixa claro a necessidade primordial de uma auto-disciplina para
atingir um elevado grau de sensibilidade na arte musical. Não chega a ser uma
visão conservadora. Afinal, como sugere o oboísta Ricardo, tal determinação
para o músico permite uma compreensão da arte que o permite transcender, uma
noção de envolvimento com a música que faz com que o instrumentista, inclusive,
esqueça o instrumento em si e se deixe levar pelas harmonias e melodias.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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