A dupla de diretores Shari Springer e Robert Pulcini parece
estar se especializando em fazer crônicas de deserdados e outsiders em geral. Enquanto
“Anti-herói americano” (2003) era uma cinebiografia do roteirista de HQs
underground Harvey Pekard e “Os acompanhantes” (2010) mostrava as desventuras
de um gigolô envelhecido e um aspirante a escritor, nesse recente “Minha vida
dava um filme” (2013) há a trama de uma dramaturga frustrada (Kristen Wiig) que
perde o namorado rico e o emprego em Nova Iorque e é obrigada a morar novamente
com sua família disfuncional e suburbana de Nova Jersey. O tom dessa comédia
dramática é um meio termo entre o amargo e irônico. Por mais melancólica que
seja essa abordagem temática, a caracterização caricatural de alguns dos
personagens e de situações do roteiro impede que o filme caia em excessos
depressivos. No final das contas, a formatação da produção acaba se
direcionando para uma comédia romântica quase tradicional, ainda que um tanto
azeda – por maiores que sejam os percalços e as desilusões da protagonista,
há uma conclusão feliz e edificante que ameniza o clima “loser nerd” do filme
(e que faz lembrar “Missão: Madrinha de casamento”, outro trabalho interessante
também roteirizado por Wiig). Ainda que esse final tire um pouco do impacto
dramático de “Minha vida dava um filme”, é inegável que dá um sabor nostálgico
de “Sessão da tarde” setentista.
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