Dá para perceber as boas ideias e intenções do diretor
Gustavo Falcão em “Nove crônicas para um coração aos berros” (2012). No meio de
uma narrativa mosaico, o filme utiliza tanto a narrativa seca e realista a retratar
um cotidiano cinzento quanto uma abordagem delirante que reflete o desejo de
fuga dos personagens de uma rotina que os sufocas. A temática e a estética
propostas por Falcão buscam uma visceralidade e também são reflexos de um
inconformismo artístico com os pressupostos dos vigentes comercialismo e
assepsia de boa parte do cinema brasileiro contemporâneo. O resultado final,
entretanto, passa longe de tal pretensão. Há aridez criativa na sua encenação,
na fotografia e na edição – tudo é realizado com competência, mas em nenhum
momento arrebata. A produção, em sua obsessão de fazer um registro do tédio e
da falta de perspectivas na sociedade, acaba aborrecendo por não saber
transcender no seu formalismo estéril.
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