Como um filme de menos de uma hora e dirigido de forma tão
mambembe pode fazer jus à figura extraordinária de uma artista tão importante
para a música brasileira? É claro que entre as possíveis causas está o fato da
produção ter conseguido pouca grana. Mas também fica no ar a impressão de que o
diretor Werinton Kermes poderia ter sido mais criativo na realização do documentário
“Clementina de Jesus: Rainha Quelé” (2012). Ok, há bastante material de arquivo
audiovisual, alguns depoimentos são relevantes e reveladores sobre a
protagonista. E daria para não levar tanto em conta a formatação convencional e
pouco imaginativa da obra. Falta no filme, entretanto, uma investigação mais
profunda sobre as raízes de Clementina, de mostrar fatos menos conhecidos do
seu passado antes de ser descoberta tardiamente por Hermínio Belo de Carvalho,
de contextualizar a sua difícil vida com a própria trajetória do samba na história
cultural nacional. Do jeito que o documentário se concretizou, ficou muito mais
com cara de especial televisivo superficial – e olha que já vi programas sobre música
na televisão bem mais ousados e criteriosos em termos de informação e concepção
formal do que essa frustrante produção de Kermes.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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