A qualidade do trabalho fotográfico de Sebastião Salgado é
praticamente inquestionável. Dessa forma, a diretora Betse de Paula tem a boa
sacada de centrar a narrativa do documentário “Revelando Sebastião Salgado” (2012)
na arte do seu biografado, mostrando o fotógrafo a explicar suas escolhas técnicas
e temáticas, a trajetória histórica de suas principais obras e detalhes
relevantes da sua vida (fatos esses que por vezes se confundem com eventos
importantes da própria história recente do Brasil). Por outro lado, por mais
que se fique encantado com a beleza dos fotos de Salgado, não há como não se
sentir incomodado com a estética conformista concebida por de Paula. A
narrativa basicamente se concentra em depoimentos, registros de arquivo e a o
material fotografado por Salgado e sua esposa. A cineasta não demonstra o menor
traço de ousadia e criatividade na ambientação das entrevistas, e por vezes o
formalismo do seu documentário remete a um tom que beira o institucional, dando
a impressão de se estar assistindo a uma hagiografia de Salgado. Faltou a
vontade de colocar algum aspecto contraditório, um elemento de tensão. Mesmo
assim, “Revelando Sebastião Salgado” é uma produção recomendável, ainda que
quase exclusivamente pela força da figura de seu protagonista e do conjunto de
sua obra.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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