A intenção de Ettore Scola em “Que estranho chamar-se
Federico: Scola conta Fellini” (2012) não era de fazer uma cinebiografia
marcada pelo alto rigor histórico e formal. O que o veterano diretor italiano
tinha em mente era fazer mesmo uma simples e sincera homenagem ao seu mestre e
amigo. Assim, a produção tem um jeitão informal e bem humorado, como se Scola
tivesse recordado alguns episódios aleatórios numa mesa de bar. A obra mistura
sem cerimônia recriações dramáticas e cenas de arquivo para compor um mosaico
que beira o onírico, evocando o próprio estilo de criação do artista
homenageado (o que fica evidente até nos temas musicais que remetem a melodias
e arranjos clássicos de Nino Rota, o “trilheiro” favorito de Fellini) e que
para os neófitos provavelmente vai dar aquela vontade de conhecer melhor os
filmes cujos trechos são mostrados, além de oferecer lembranças agradáveis para
os velhos fãs do criador de obras primas como “A doce vida” (1960) e “Oito e
meio” (1963). Scola não esconde o forte caráter pessoal de sua visão, sendo que
por diversas vezes ele mesmo aparece como personagem importante no filme. Por
vezes, dá para dizer que a condução da narrativa dá uma impressão de um certo
desleixo, mas na realidade isso se mostra em sintonia existencial com a
atmosfera lúdica e bufona tanto do filme em questão quanto da filmografia de
Fellini.
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