Mesmo estranhando alguns trechos mais contemplativos e da
abordagem emocional um tanto distanciada, os apreciadores mais tradicionais do
gênero artes marciais poderão se divertir com “O grande mestre” (2013). O filme
do diretor Wong Kar-Wai apresenta alguns momentos antológicos nas bem
elaboradas seqüências de lutas que pontuam a narrativa. Ao contrário da
fantasia extrema de golpes impossíveis e lutadores que voam de produções como “O
tigre e o dragão” (2000) e “O clã das adagas voadoras” (2004), “O grande mestre”
se vincula a uma linha mais realista em seus trechos de pancadaria (até porque
a trama é baseada em eventos reais importantes da história da China). Isso não é
impedimento, entretanto, para que Wong Kar-Wai não deixe impresso em cada
fotograma a sua característica elegância formal em termos de encenação e
montagem. Sua habitual sutileza também se manifesta na rarefeita composição
dramática da narrativa, repleta de simbologias e subtextos nas atitudes,
diálogos e expressões dos personagens, fazendo de sua obra um estranho e
sedutor conto moral – a dinâmica de lutas e intrigas políticas serve como um
reflexo dos valores e dilemas de uma nação em um complexo contexto histórico.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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