É quase natural relacionar a produção grega “Miss Violence” (2013)
com a atual conjuntura conturbada social-econômica de seu país de origem. A temática
que aborda uma família disfuncional em meio a episódios de incesto e prostituição
e a estética baseada em um misto de realismo e violência gráfica berrante
colaboram para essa analogia existencial. Com o desenrolar da narrativa,
entretanto, essa relação vai se mostrando cada vez mais rarefeita. Isso porque
a abordagem artística do diretor Alexandro Avranas vai abandonando maiores
traços de sutileza e tensão psicológica e envereda para uma estética exagerada
típica de um filme de horror. Boa parte dos personagens masculinos é mostrada
de forma abjeta e animalesca, o sexo sempre é encenado em um contexto de
degradação, situações envolvendo tabus morais se desenvolvem sob uma ótica que
resvala no humor negro – nesse conjunto, acaba lembrando o polêmico “A serbian
film” (2010). Esse gosto pelo excessivo por parte de Avranas pode retirar parte
considerável da densidade dramática de “Miss Violence”, mas também é inegável
que faz com que permeie no filme uma certa atmosfera entre o gótico e o barroco
e que acaba remendo a produção em questão para um universo insólito que beira o
fantástico.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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Um comentário:
Um soco no estômago se resume esse filme
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