Em um primeiro momento, a linguagem antinaturalista e
ambientação num palco escurecido fazem supor que “Dois casamentos” (2014) seria
uma espécie de registro audiovisual de uma peça teatral. O desenvolvimento da
narrativa, entretanto, mostra que o filme mais recente do diretor brasileiro
Luiz Rosemberg Filho trafega por caminhos menos óbvios. A produção parece
condensar ideias e truques estéticos que resultam num híbrido inquietante e
vigoroso – estão lá o texto de conteúdo contestador da moral burguesa que evoca
o estilo de Nelson Rodrigues, a utilização de uma trilha sonora de temas que
variam de melodias dramáticas a estranhos drones, as atuações expressivas das
atrizes baseadas na variação intensa entre o contido e o exagero, os efeitos
visuais que evocam um clima de pesadelo (nesse sentido, a obra apresenta
conexões com o cinema delirante de Luis Buñuel e David Lynch). Por vezes esse
formalismo intrincado de Rosemberg leva a narrativa para um tom enfadonho, mas
em outros momentos gera um efeito sensorial de encanto perturbador para o
espectador.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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