Em um primeiro plano narrativo, “Mostre a língua, moça”
(2012) aparenta ser um melodrama convencional, com uma trama centrada em um
triângulo amoroso envolvendo dois irmãos médicos e uma bela mãe solteira com
uma filha diabética. O que faz a real diferença nessa produção francesa
dirigida por Axelle Ropert para que ela se torne uma experiência
cinematográfica memorável é um formalismo atípico, num misto de rigor emocional
na caracterização psicológica de situações e personagens e encenação que evoca
uma estranha solenidade, quase como se fosse um filme de época. Alguns momentos
do roteiro e uma certa fluência da narrativa sugerem uma atmosfera de ironia,
ainda que um tanto amarga. Na tradição de uma linhagem do cinema francês, não é
um filme que invista num arrebatamento sensorial, mas sim numa contida e
coerente construção de suas figuras em cena, numa ambientação que sugere algo
como um velho conto de costumes e em uma particular e cerebral estética.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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