É curioso como algumas obras ganham uma conotação
diferenciada em virtude do período em que são lançadas. O atual crescimento
mundial da xenofobia decorrente dos grandes fluxos migratórios provocados por
conflitos étnicos e políticos faz com que “Viva a França!” (2015), ainda que
verse sobre fatos que se sucederam durante a 2ª Guerra Mundial, provoque uma
reflexão sobre a temática do preconceito e do seu uso político ao narrar a
história da população de uma cidade do interior da França que é obrigada a
abandonar seus lares e perambular por estradas e trilhas em fuga dos nazistas
que recém invadiram o seu país. A produção dirigida por Christian Carion está
bem longe de ser um trabalho excepcional em termos de linguagem
cinematográfica, apostando numa narrativa bastante convencional, ainda que
correta, e num roteiro de fortes traços melodramáticos que beira o novelesco.
Mesmo a trilha sonora do veterano Enio Morricone se rende por vezes a clichês
melosos (os temas bem mais expressivos no também recente “Os oito odiados”
mostra que o velho mestre ainda é capaz de surpreender). Por outro lado, o
elenco de atuações seguras e sutis conseguem compensar a abordagem artística um
tanto mofada de Carion. No mais, resta à “Viva a França!” a já mencionada
possibilidade de fazer sua plateia refletir sobre os estranhos e hipócritas
descaminhos da sociedade ocidental na presente conjuntura sócio-política.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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