Em suas obras mais recentes, o cineasta japonês Hirokazu
Koeeda vem formatando seu estilo dentro do gênero do melodrama familiar. Nessa
vertente, ainda que não apresente nada tão contundente quando o drama
fantástico “Depois da vida” (1998) ou o suspense intimista “Ninguém pode saber”
(2003), o diretor lançou trabalhos que se afastam de uma abordagem óbvia ou do
sentimentalismo excessivo. Esse é o caso de “Depois da tempestade” (2016). A
história do escritor e detetive Ryota (Hiroshi Abe) que se sente frustrado
pelas dificuldades financeiras e pelo fracasso do casamento é enquadrada numa
narrativa sóbria e num roteiro que não abre concessões fáceis. A caracterização
de personagens e situações é delineada de maneira sensível e complexa, o que
cria tanto tensão dramática para o filme quanto empatia com o espectador. A
marca autoral de Koeeda é nítida de maneira sutil – a síntese entre formalismo
e temática tem notável coerência artística e se mostra desafiadora ao não se
adaptar às necessidades comerciais de se mostrar acessível, preservando a
crueza dos sentimentos e sensações dos personagens e dispensando um final feliz
e conciliador artificioso.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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Um comentário:
Ainda não assisti mas quero muito ver
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