Em termos formais e temáticos, não há nada de especialmente
original na produção franco-belga “Mecânica das sombras” (2016). Não quer
dizer, entretanto, que o filme dirigido por Thomas Kruithof não tenha os seus
atrativos. É um eficiente thriller que se destaca pela sua sóbria narrativa, as
boas composições dramáticas do elenco e pelo pertinente subtexto sócio-político
de seu roteiro. No meio das triviais reviravoltas da trama, a figura do
protagonista Duval (François Cluzet) sintetiza com sensibilidade a figura do
cidadão europeu de meia-idade contemporâneo, assombrado pelo fantasma do
desemprego e pelas estruturas alienantes e kafkanianas do poder repressivo e
tecnocrático – nesse último quesito, o sombrio personagem Clément (Denis
Podalydès) também carrega um forte sentido simbólico.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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