A vinculação do diretor japonês Kiyoshi Kurosawa com o
cinema fantástico é forte, mas não de uma forma tradicional (ou pelo menos com
aqueles direcionamentos estéticos-temáticos que nós espectadores ocidentais
estamos acostumados). Em seus filmes, o elemento metafísico está sempre
presente, incorporando-se com fluidez a uma narrativa de ambientação naturalista.
“Para o outro lado” (2015) é exemplar enfático dessa particular concepção
artística, com uma trama em que fantasmas e vivos coabitam um mundo com
naturalidade, não havendo maiores explicações sobre o fenômeno e nem a
necessidade de uma atmosfera de suspense ou mistério. A história do marido
falecido que retorna depois de anos para viajar com a sua viúva apresenta como
tônica preponderante um caráter entre o simbólico e o intimista. Os aspectos
bizarros do roteiro aos poucos se insinuam no imaginário do espectador com uma
desconcertante coerência onírica/existencial, valorizados por uma encenação
sóbria e pungente.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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2 comentários:
Esse filme chegou a passar em Porto Alegre?
Sim, ficou duas semanas em cartaz lá no Espaço Itaú.
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