Aqueles que acham que a caracterização pueril e estereotipada
de adolescentes em “Homem-Aranha: Longe de casa” (2019) pode ser considerada
algo convincente acabarão por levar um susto se assistirem a “Anos 90” (2018).
Esse filme dirigido por Johan Hill, mais conhecido como ator por algumas
interpretações antológicas (“Superbad”, “O lobo de Wall Street”), é um retrato
da juventude marcado por uma concepção estética-temática que sintetiza crueza e
poesia. Mesmo uma junção que hoje em dia pode parecer tão batida quanto skate e
música pop/rock (a trilha é um belo apanhado de raps e hardcores memoráveis dos
anos 80 e 90) acaba ganhando uma dimensão imagética-sensorial surpreendente na
forma com que Hill conduz a narrativa. É como se “Kids” (1995) fosse recriado
sob uma perspectiva menos afetada e fetichista e se concentrasse em um olhar
mais humanista. A caracterização de personagens e situações tem complexidade e
profundidade psicológica, ao mesmo tempo que a narrativa é fluente, envolvendo
o espectador a partir de uma encenação que privilegia a forte expressão
dramática e corporal do elenco (nesse aspecto, toda a ala de crianças e
adolescente é um capítulo à parte em termos de atuações intensas – é provável
que os anos como intérprete de Hill tenham contado como efetiva experiência
para a sua excelente direção de atores).
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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