A combinação do gênero melodrama com um tom panfletário na
produção egípcia “Cairo 678” (2011) pode soar óbvia em um primeiro momento. Uma
das intenções do filme é justamente propor uma visão bastante crítica do
machismo e preconceito inerentes à sociedade muçulmana. A indignação social que
emana por parte de sua trama não contamina, entretanto, a noção de espetáculo
cinematográfico do diretor Mohamed Diab. A obra não se formata como peça de
propaganda – há um roteiro bem delineado a explorar os aspectos contraditórios
e dilemas de situações e personagens. Mesmo quando realça de forma crua o
grotesco sexismo dos assédios sofridos pelas principais personagens, tais
momentos não ganham o simples viés apelativo de uma manipulação emocional. Pelo
contrário: valorizam ainda mais a dinâmica narrativa concebida por Diab, num
misto entre o caráter sentimental de algumas cenas com um registro objetivo que
beira o documental.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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