Em primeiro momento, poderia-se dizer que essa versão
espanhola de “Branca de Neve” (2012) seria uma espécie de releitura perversa do
tradicional conto de fadas. Ocorre, entretanto, que esse tipo de fábula, em
suas origens, tem um forte conteúdo sombrio e que com o tempo foi recebendo um
tratamento mais infantil e adocicado (vide os desenhos da Disney, por exemplo).
Dessa forma, essa produção dirigida por Pablo Berger tem um certo sentido de
resgate da concepção original do conto de fada em questão. Para acentuar a
bizarrice de tal abordagem, o cineasta utiliza um formalismo que remete ao
cinema mudo, além de rechear a obra com referências da cultura espanhola. As
escolhas de Berger acabam gerando uma produção singular, principalmente pela
atmosfera dúbia, em que sensualidade, morbidez, encanto e violência convivem
com estranha naturalidade. Algumas cenas, devido a uma complexa simbologia,
fazem lembrar trabalhos visionários de Alejandro Jodorowski, ainda que a estética
construída por Berger esteja longe da genialidade delirante daquele.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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Um comentário:
To tentando ver esse filme até hoje e não consigo.
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