A temática da produção húngara “Apenas o vento” (2012),
baseada em fatos reais, não é das mais fáceis: o assassinato de famílias
ciganas no interior da Hungria. E o tratamento formal proposto pelo diretor
Benedek Fliegauf vai na mesma onda – abdicando de truques sentimentais, o
cineasta investe numa atmosfera sombria e de distanciamento emocional. A trama
se foca no cotidiano de mãe e filhos, ressaltando atos rotineiros como
trabalhar, estudar, matar aula, perambular pelos matagais, com a encenação
beirando uma certa monotonia, ainda que calculada. Aos poucos, entretanto,
situações estranhas vão se inserindo na narrativa, dando ao filme um permanente
tom de fatalismo, em que a tragédia vai se afigurando de forma inevitável. Fliegauf
não busca soluções fáceis, fazendo com que a tensão dramática e a sensação de
impotência dos personagens fiquem cada vez mais sufocantes até a brutal conclusão
de violência e morte. A construção estética/temática de “Apenas o vento” é notável,
mas isso não quer dizer que o espectador vai sair se sentindo bem da sala de
cinema...
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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