A produção francesa “Eu, mamãe e os meninos” (2013) representa
uma trip pessoal em todos os sentidos para Guilaume Gallienne – dirigido,
roteirizado e protagonizado por ele, o filme se baseia numa peça teatral também
concebida por Gallienne, trabalho esse que tinha como linha narrativa elementos
biográficos do próprio artista. A temática se concentra primordialmente sobre a
questão da identidade sexual de seu personagem principal, homem que na
juventude acreditava ser uma menina. O inusitado de tal trama mais se acentua
pelo próprio tratamento formal e textual oferecido pelo cineasta, que envereda
bastante pelo lado de um tipo de comédia que oscila entre a sutileza e o
escracho. A encenação proposta por Gallienne também tem algo de atípico, pois não
se liga a um viés puramente realista – há um certo tom exagerado na
caracterização de situações e personagens, por vezes beirando o caricatural,
com o próprio Gallienne (um ator já maduro) se interpretando na adolescência,
além de assumir também o papel da mãe dominadora. O filme, em alguns momentos,
tem um estranho encanto pela estética e temática propostas por Gallienne, até
porque a questão da homossexualidade recebe uma visão de ironia desconcertante.
No geral, entretanto, o tom de comédia ligeira assim como a frouxidão no encadeamento
dos episódios do roteiro dão a “Eu, mamãe e os meninos” um impacto superficial e
descartável – pode-se até se divertir com algumas seqüências do filme, mas nada
que seja especialmente memorável para o espectador.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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