O diretor canadense Atom Egoyam demonstra uma notável
engenhosidade narrativa na concepção de “Sem evidências” (2013). Na superfície,
o filme se enquadra no gênero suspense, focando na história, baseada em fatos
reais, do desaparecimento e assassinato de três crianças numa cidade
interiorana dos Estados Unidos. Egoyam se vale de sua habitual elegância formal
e sutileza temática para que a produção não se afunde nos clichês inerentes ao
gênero em questão – os lugares comuns estão todos lá, mas trabalhados com
depuração, estabelecendo uma atmosfera sombria e melancólica e fazendo com que
a produção se configure quase como um opressivo conto gótico. Nesse sentido, “Sem
evidências” aos poucos vai ser convertendo em algo muito mais profundo.
Evidencia-se um sofisticado e lúcido subtexto sobre o preconceito moral e a
intolerância religiosa que assolam boa parte da população norte-americana, com
a se constituindo assim como uma contundente metáfora sobre o avanço do
pensamento obscurantista na sociedade ocidental.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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