É quase óbvio classificar “O estudante” (2011) na vertente
do gênero cinema político. Por mais que as desventuras sentimentais do
protagonista Roque (Esteban Lamothe) pontuem a trama, o foco principal está no
aprofundamento do seu envolvimento com a política estudantil universitária, com
direto a boa parte dos truques textuais que um roteiro como esse exige –
traições de correligionários, acordos obscuros, desilusões ideológicas. Na
verdade, a abordagem do diretor Santiago Mitre é um tanto superficial sobre a
sua temática. Não há aqueles momentos de ironias sutis ou lances dramáticos
desconcertantes que grassavam com naturalidade nas melhores produções de nomes
como Costa-Gavras ou Elio Petri (para ficar dentro do terreno do cinema
político). Mitre prefere não arriscar e se contenta no terreno seguro de uma
estrutura narrativa de “thriller”. É de se convir, entretanto, que faz isso com
competência. “O estudante” é uma obra capaz de prender a atenção do espectador
e criar alguma efetiva empatia com os seus personagens. Há ainda uma certa
secura emocional pairando na obra, o que a voz de um narrador em terceira
pessoa que por vezes irrompe ajuda a acentuar mais, dando ao filme uma maior
contundência. A bela trilha sonora, misto de rock climático com percussões
latinas, também é elemento fundamental na construção de uma tensão dramática
diferenciada.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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