O escritor norte-americano Dennis Lehane tem uma relação
forte com o cinema de seu país. Alguns de seus livros mais expressivos já
ganharam adaptações cinematográficas, algumas com resultados artísticos
antológicos (“Sobre meninos e lobos”, “A ilha do medo”). “A entrega” (2014) é
uma das recentes produções que volta a abordar o universo do autor. Assim como
no caso de “Sobre meninos e lobos” (2003), a narrativa se concentra numa
história urbana envolvendo o submundo de marginais e indivíduos que vivem no
tênue limite entre a legalidade e a contravenção. O diretor belga Michael R.
Roskam não tem a mesma classe formal de um Clint Eastwood, mas consegue extrair
algo de diferente dentro de uma trama que aparentemente lida com alguns clichês
básicos no gênero policial. O filme tem uma atmosfera de tensão permanente, sempre
com aquela sensação de que algo está fora do lugar. Os desdobramentos do
roteiro parecem a princípio trafegar por caminhos tradicionais, só que aos
poucos essa impressão de previsibilidade vai revertendo, com os principais
personagens ganhando uma dimensão psicológica mais complexa, assim como as
situações do roteiro passam a apresentar nuances sombrias e por vezes repletas
de simbolismo. As próprias atuações de Tom Hardy e James Gandolfini estão em
sintonia com o espírito do filme, em atuações marcadas por uma notável
contenção dramática.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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