Em seus primeiros momentos, a trama de “Uma dama em Paris”
(2012) faz pressupor que a obra apresentará uma abordagem mais sóbria sobre
temáticas espinhosas como a velhice e a solidão. Nessas sequências iniciais, o
estilo do diretor Ilmar Raag se apresenta seco e objetivo ao focar a história
de uma mulher na meia idade (Laine Mägi) que sai da sua cidade natal na Estônia
para cuidar de uma idosa rica (Jeanne Moreau) em Paris, com essa última tendo a
sua vida administrada por um ex-amante bem mais jovem (Patrick Pineau). O
roteiro apresenta alguma profundidade dramática na exposição dos conflitos e
dilemas de tais personagens, assim como revela certa sutileza na encenação. Com
o desenvolver da narrativa, entretanto, essa boa impressão vai se esvanecendo,
pois o filme de Raag vai se rendendo de forma progressiva a clichês
melodramáticos e a uma estética mofada e sem atrativos. As viradas na trama se
mostram esquemáticas e um tanto forçadas, com a produção se amoldando a
soluções formais e de conteúdo que mais servem para satisfazer o gosto médio do
que em mostrar alguma coerência existencial e artística. Dentro desse viés
conservador, acaba-se perdendo a chance de aproveitar de forma mais memorável a
presença de uma figura tão emblemática quanto Moreau.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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