A premissa da trama de “Amaldiçoado” (2013) desperta
considerável curiosidade – suspeito de ter estuprado e assassinado a namorada
(Juno Temple), Ignatius Perrish (Daniel Radcliffe) acorda em uma manhã com
chifres que fazem com que quem esteja ao seu lado revele as verdades mais
escabrosas. O fato da história se passar numa cidadezinha interiorana
norte-americana acentua ainda mais a carga metafórica do roteiro, em que o
microverso em polvorosa da localidade parece refletir o lado de podridão do
american way of life. O diretor francês Alexandre Aja por vezes consegue
acertar o tom dessa esquisita narrativa que sintetiza drama policial, horror e
fábula, formatando um perverso conto moral. Por outro lado, há momentos em que
o filme se perde em excessos melodramáticos e mesmo nos convencionalismos do
gênero suspense, além do seu elenco enveredar em algumas atuações inexpressivas
(Daniel Radcliffe não consegue perder o seu eterno ar abobalhado de Harry
Potter). O mais acertado seria Aja ter mantido uma atmosfera ambígua de maneira
mais constante, o que tornaria mais contundente a sua radiografia das
hipocrisias obscurantistas da sociedade ocidental. Ainda assim, o cineasta
demonstra forte inventividade visual em determinadas sequências e também o seu
pendor na construção de ambientações perturbadoras de sordidez, qualidades que
ele já havia demonstrado nos extraordinários “Alta tensão” (2003) e “Viagem
maldita” (2006).
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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