Ao contrário das produções de 1976 e 2005, “Kong: A ilha da
caveira” (2017) não é uma refilmagem da obra clássica de 1933. O filme dirigido
por Jordan Vogt-Robert pega alguns conceitos e elementos já trabalhados nas
obras anteriores e as recria sob uma perspectiva diferente e mesmo uma nova
trama. Assim, o espírito de cinema B, ou mesmo de cultura “pulp”, está mais
presente, não havendo a dimensão trágica dada anteriormente ao protagonista. E a
escolha de situar a trama na primeira metade da década de 70 não é gratuita,
pois o subtexto do roteiro faz uma analogia clara entre o caráter belicoso de
um pelotão do exército norte-americano perdido na Ilha da Caveira e com a
missão de exterminar Kong e a postura intervencionista dos Estados Unidos na
Guerra do Vietnã e em outros conflitos pelo mundo que grassaram nas últimas
décadas. Tal paralelo político é feito até de maneira eficiente, e surpreende
que uma produção de um grande estúdio norte-americano faça com que o público torça
descaradamente pelo macacão contra as forças armadas do Tio Sam. Como aventura,
o filme não tem aquele fascinante clima de pesadelo da versão original dos anos
30 e nem aquele senso alucinado de encenação da obra dirigida por Peter
Jackson. Ainda assim, é uma divertida aventura, com boas cenas de ação e ótima
caracterização imagética dos monstros, além da direção de arte trazer uma
síntese expressiva de estilização exagerada e recriação de época de razoável
fidelidade histórica. Nesse sentido, é interessante a forma com que as canções
roqueiras da época se inserem da narrativa – aliás, a sequência em que os
helicópteros entram pela primeira vez na Ilha da Caveira ao som de uns rocks da
pesada faz lembrar algumas cenas memoráveis de “Apocalypse Now” (1979).
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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