Há uma sofisticação narrativa na produção sul-coreana “A
visitante francesa” (2012) que se esconde atrás da sua enganosa aparência de “amadorismo”
formal e ingenuidade temática. Os “zooms” repentinos de enquadramentos e os
tons esmaecidos de fotografia na verdade compõem uma obra de dinâmica fluida e
de naturalidade admirável. Por vezes, até lembra aquele estilo casual do francês
Eric Rohmer, de abordagem de certo distanciamento emocional, que no final das
contas mais acentua uma insuspeita ironia. O estranhamento desse formalismo
diferenciado encontra ressonância num roteiro que combina habilmente uma
encenação naturalista com eventuais passagens de humor quase anedótico e até de
um inesperado teor onírico. Essas concepções artísticas personalíssimas do diretor
Hong Sang-soo se mostram em sintonia com a extraordinária atuação de Isabelle
Huppert, que varia com sutileza entre a contenção dramática e a comicidade
discreta.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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