Os livros da escritora Patricia Highsmith costumam ser
adaptados para o cinema com relativa freqüência. Dentre tais versões cinematográficas,
destaque absoluto para as obras-primas “O sol por testemunha” (1960) e “O amigo
americano” (1977). “As duas faces de janeiro” (2014) está bem longe do padrão
de qualidade artística dos clássicos mencionados anteriormente, mas mesmo assim
é uma obra que se mostra em sintonia existencial com a essência de Highsmith.
Isso ocorre porque o diretor Hossein Amini consegue preservar com fidelidade considerável
aquela característica atmosfera de ambiguidade moral que permeia o universo da
escritora. Além disso, algumas boas sacadas da trama são bem exploradas no
desenvolvimento do roteiro– o fato da história se desenrolar na Grécia não é
gratuito, tendo em vista a narrativa ter uma dinâmica que alude a uma espécie
de conto moral típico das tragédias gregas. A relação dúbia de competição e
admiração entre os escroques Chester (Viggo Mortensen) e Rydal (Oscar Isaac)
guarda uma simbologia óbvia, mas de resultados de tensão dramática até bem
eficientes. No mais, o registro visual dos belos cenários de ruínas e cidades
históricas da Grécia não guardam apenas um caráter de “cartão postal”,
adquirindo uma função narrativa importante ao caracterizar uma ambiência de
mistério e decadência que torna o clima de suspense mais sufocante para os
personagens.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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Um comentário:
Boa pedida
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