Pode-se perceber dentro das concepções estéticas e temáticas
do diretor iraniano Asghar Farhadi um padrão artístico constante. Assim como em
“A separação” (2010), “O passado” se desenvolve por uma estrutura narrativa bem
definida: vincula-se ao gênero melodrama, mas com uma abordagem formal sóbria, sem
grandes arroubos barrocos, transparecendo um distanciamento emocional na ambiência
intimista de sua trama. Nesse filme mais recente, entretanto, essa equação
acaba tendo um desenvolvimento mais irregular, culpa de um roteiro que por
vezes se perde em detalhes novelescos de suas nuances. Devido a isso,, algumas
situações e personagens apresentam uma carga dramática mais derramada. Não há
aquela síntese narrativa mais precisa e seca, beirando a crueldade, de “A
separação”. Ainda sim, “O passado” é uma produção que se reveste de interesse,
principalmente pela direção elegante de Farhadi e por algumas atuações seguras
e contidas de parte do elenco.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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