O diretor mexicano Amat Escalante não se propõe a grandes
invencionices em “Heli” (2013). Suas opções estética e temática são bastante
simples e eficientes – através de um registro seco, por vezes beirando o
documental, o filme conta a brutal história de um jovem trabalhador interiorano
que tem a sua vida destroçada quando sua irmã caçula se envolve com um soldado
pé-de-chinelo que resolve virar traficante. Por meio desse pequeno conto envolvendo
humildes e marginais, Escalante faz um raio X de um país tragado pela violência
e corrupção, mas sem perder o senso de uma narrativa dinâmica e envolvente, em
que o cineasta obtém alguns seqüências antológicas, principalmente pelo vigor
da sua encenação detalhista. Dessa maneira, a trama carrega diferentes
perspectiva, tanto podendo ser encarara por esse viés social quanto por um caráter
simbólico intimista, em que a frustrante vida sexual e a opressão econômico-social
que marcam a vida do protagonista Heli (Armando Espitia) parecem encontrar
ressonância na sua ânsia por vingança contra aqueles que seqüestraram e
violentaram sua irmã. As soluções existenciais buscadas por Escalante não se
baseiam em um padrão moralizante, mas em desejos atávicos de justiça e
revanche, o que dá para “Heli” uma dimensão humanista impressionante.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
Um comentário:
É um filme marcante, cujas as cenas não lhe sai da cabeça por um bom tempo.
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