quinta-feira, abril 26, 2007

Stoned, de Stephen Woolley ***1/2


À princípio, “Stoned” parece uma produção tipicamente sensacionalista. Afinal, focaliza os últimos dias da vida de Brian Jones, guitarrista fundador dos Rolling Stones, defendendo, inclusive, a polêmica versão de que o músico não teria morrido devido a uma overdose, como foi divulgado na época, mas sim assassinado por um pedreiro que trabalhava na sua bela casa de campo na época. O resultado final, entretanto, transcende a mera fofoca, sendo que “Stoned” se revela como uma obra que capta com sensibilidade e ironia não só a importância dos Rolling Stones, mas também o espírito de uma época (no caso, o fim dos anos 60).

Uma ótima sacada do diretor Stephen Woolley foi fazer com que o espectador contemple a trama sob o olhar de Frank Thorogood (Paddy Considine, num momento inspiradíssimo), o tal do pedreiro homicida. Thorogood, um tarefeiro bronco e conservador, ao trabalhar na residência de Jones (Leo Gregory, idêntico ao stone tanto no visual quanto nos trejeitos), vai ficando cada vez mais deslumbrando com o quotidiano hedonista do roqueiro, recheado de sexo e drogas. O próprio comportamento do pedreiro vai se alterando ao longo da história, com o mesmo ficando cada vez mais confuso e se enredando progressivamente na jornada auto-destrutiva de Jones. O choque entre dois indivíduos tão diferentes e o conseqüente entrelaçamento de suas vidas faz com que Woolley alterne a sua narrativa entre momentos crus (ao focalizar a rotina medíocre de Thorogood e a desestruturação pessoal de Jones) e seqüências de delírio visual relacionadas a orgias e uso de drogas.

Woolley também se revela como um conhecedor entusiasmado da história dos Stones. Em “Stoned”, passagens relevantes da história da banda (como a antológica passagem pelo Marrocos e o processo de desligamento de Jones do grupo) são focalizadas com paixão e um “didatismo” que chegam até a ser comoventes para os fãs não só da banda como de rock em geral.

Junto a obras recentes como “Johnny e June”, “A Festa Nunca Termina” e “Dreamgirls”, “Stoned” parece fazer um inventário do que melhor se produziu no rock e no pop nas últimas décadas, mostrando também como a vida e a mítica de alguns dos mais importantes artistas desses gêneros estão intrinsecamente ligados à música que esse pessoal produziu.

O Planeta Branco, de Jean Lemire, Thierry Piantanida e Thierry Ragobert ***


Este documentário francês sobre a vida selvagem no Ártico não traz muitas diferenças em relação àquelas produções sobre a natureza que passam seguido no Globo Repórter, Discovery Chanel ou Animal Planet. Mesmo assim, a beleza de algumas das imagens presentes em “O Planeta Branco” impressiona pela crueza e grandiosidade. O ambiente inóspito registrado no filme é mostrado de uma forma sem concessões para agradar o público em geral. Além disso, não houve a preocupação de tentar “humanizar” a fauna focalizada, não caindo, dessa forma, naquela besteira new age de “A Marcha dos Pingüins”.

Túmulo Com Vista, de Nick Hurran **1/2



Esta comédia britânica de 2002 é aquela típica produção cômica que chega seguido aos cinemas: engraçadinha, tira um leve sarro com a fleuma dos habitantes da ilha, tem algumas espertices que a diferencia das comédias norte-americanas e conta com um roteiro bem quadradinho. “Túmulo com Vista” é até bem feitinho e tem os seus momentos engraçados, mas nunca chega realmente a empolgar. Quem gosta de “O Barato de Grace”, “Simplesmente Amor” e afins pode assistir na boa “Túmulo Com Vista”. Já para quem tem um gosto mais exigente, entretanto, o negócio é ir atrás de algumas comédias britânicas geniais como “Quinteto de Morte” ou “Todo Mundo Quase Morto”.

quarta-feira, abril 25, 2007

Em Direção ao Sul, de Laurent Cantet ***



Mesmo não apresentando maiores arroubos em termos estilístico, “Em Direção ao Sul” é um filme que reserva algumas surpresas bem interessantes. Para começar, o cineasta Laurent Cantet não abre concessões na temática do filme, mostrando franqueza e naturalidade no seu roteiro que tem como premissa inicial o turismo sexual que mulheres norte-americanas e européias realizam numa praia paradisíaca do Haiti. A partir disso, Cantet retrata sem cerimônias uma nova forma do universo feminino em encarar a própria sexualidade. O diretor prefere uma abordagem desapaixonada, não caindo nas armadilhas fáceis da pura exaltação desse comportamento ou em criar conseqüências que representariam alguma espécie de castigo moral para as personagens. O que se nas entrelinhas na verdade no filme é como esse padrão de encarar as relações amorosas se choca com concepções antigas de paixões idealizadas e românticas, o que fica evidenciado no conflito entre a cética e irônica Ellen (Charlotte Rampling) e a sonhadora e carente Brenda (Karen Young). Nesse sentido, é provável que os admiradores de novelas televisivas ou daquelas comédias água-com-açúcar com a Meg Ryan fiquem chocados com a visão seca e ácida sobre o amor de “Em Direção ao Sul”. A cena, por exemplo, em que a cinqüentona Ellen enumera os motivos que a fazem não se casar impressiona pela acidez e crueza de seus comentários.


Laurent Cantet também consegue resultados muito bons na própria forma com que o Haiti é utilizado como pano-de-fundo para a trama, variando entre um registro de tons luminosos e sensuais para as seqüências de praia e um estilo quase documental ao focalizar a miséria e violência presentes nos momentos da história que se passam na cidade próxima ao litoral.

terça-feira, abril 24, 2007

Free Zone, de Amos Gitai *



Antes de comentar sobre “Free Zone”, tenho a dizer que sempre gostei dos filmes do cineasta israelense Amos Gitai. Produções como “Laços Sagrados”, “O Dia do Perdão” e “Kedma” são obras vigorosas no seu rigor estético e na visão contundente sobre questões problemáticas como fundamentalismo religioso e conflito entre árabes e judeus. Dessa forma, afirmo tranqüilamente que “Free Zone” é disparado o seu pior filme em todos os sentidos possíveis. Formalmente, é uma produção que parece preguiçosa, apoiando-se basicamente em planos seqüências sem maiores brilhos. A parte temática, entretanto, é ainda pior. Gitai tem a pretensão de fazer do seu roteiro uma espécie de metáfora da falta de entendimento entre árabes e judeus, mas a execução dessa idéia é completamente equivocada, pois as concepções ideológicas do diretor ficam tão explicitadas em situações e diálogos que acabamos tendo a sensação no final do filme que não sobrou qualquer espaço para reflexão sobre o que acabamos de assistir.

Acredito que o maior motivo para que “Free Zone” tenha dado tão errado é o fato de que Gitai desejou um caráter mais “acessível” para o filme (o que fica evidenciado pela presença de Natalie Portman em um dos papéis principais) e acabou sacrificando muito do seu estilo próprio de trabalhar em nome desse objetivo. O resultado é um filme sem personalidade e tremendamente enfadonho e que provavelmente não atraiu novas platéias e desagradou boa parte dos seus antigos admiradores.

Escola do Riso, de Mamoru Hosi ***1/2


Originalmente, “Escola do Riso” era uma peça teatral focada exclusivamente na figura de dois personagens, um censor e um escritor de comédias, tendo como pano de fundo histórico o Japão do período da II Guerra Mundial. A origem de dramaturgia até que fica evidente em alguns momentos da adaptação para as telas, mas o que realmente surpreende no filme em questão é o fato do diretor Mamoru Hosi ter conseguido dar um acabamento perfeitamente cinematográfico para o material que tinha em mãos, sem que a obra caia no puro teatro filmado. Mesmo com as maiorias das cenas filmadas numa sala e se utilizando ostensivamente de dois atores apenas (na pele dos personagens acima mencionados), Mamoru consegue obter um resultado fascinante, com fotografia e montagem criando climas que vão do opressivo ao cômico com uma naturalidade impressionante. Além disso, o cineasta preserva com sensibilidade a temática libertária da peça original, uma bela parábola sobre o conflito da criatividade artística e a repressão política, sem cair no panfletário e nem em sentimentalismos excessivos.

segunda-feira, abril 23, 2007

Antes Só do Que Mal Acompanhado, de John Hughes ***1/2


Esse é um típico clássico da Sessão da Tarde que parece que não perdeu nada do seu frescor inicial. Pelo contrário. O filme melhora a cada revisão, sendo que percebemos nessas oportunidades como John Hughes foi realmente um dos nomes mais representativos do cinema norte-americano dos anos 80 e 90. Em “Antes Só do Que Mal Acompanhado”, nada parece excessivo: a progressão da trama ocorre com uma naturalidade impressionante, com o relacionamento entre o metódico Neal (Steve Martin) e o anárquico Del (John Candy) se desenvolvendo e oscilando entre o conflito entre personalidades tão díspares e o sentimento de união que aos poucos vais se prevalecendo. Por mais clichê que possa parecer tal relacionamento, a verdade é que Hughes faz o mesmo funcionar de uma forma incrivelmente espontânea. Boa parte das seqüências cômicas representa algumas das mais engraçadas dentro das comédias típicas dos anos 80, e mesmo nos momentos fortemente sentimentais do filme o espectador não consegue ficar impassível (nesse sentido, é impossível negar que Del seja um dos personagens mais melancólicos da história recente do cinema).

A Vida Secreta das Palavras, de Isabel Coixet **1/2


Quando assisti ao trabalho anterior de Isabel Coixet, “Minha Vida Sem Mim” (2003), o que realmente me chamou a atenção foi o desempenho sensacional de Mark Ruffalo. No meio de uma obra apenas regular e até mesmo um pouco afetada, a atuação de Ruffalo dava uma surpreendente força para a narrativa, oferecendo tensão e paixão para uma trama que não oferecia maiores sobressaltos. E aí que se encontra o grande problema de “A Vida Secreta das Palavras”: não há nem mesmo um Mark Ruffalo para dar uma dimensão maior ao filme, além de trazer tudo aquilo que já desagradava em “Minha Vida Sem Mim” – a narração excessivamente literária e que explicita as razões da obra, a sensibilidade “fake” e sentimentalismos manipuladores, a atuação catatônica de Sarah Polley (e que aqui encontra um “par ideal” em Tim Robbins, num registro repleto de expressões apalermadas). Isso sem falar que o filme apresenta uma lógica masoquista/conservadora do tipo “eu te amo tanto pelo teu sofrimento” que chega a ser patética.

“A Vida Secreta das Palavras” não pode ser considerado um desastre por uma certa originalidade de Coixet em saber explorar as possibilidades visuais da plataforma petrolífera onde se passa boa parte da trama, sendo que a cineasta consegue obter algumas boas tomadas. Mas isso não chega a compensar tanto a irritação pela afetação chic de Coixet, típica de várias produções “sensíveis” desse começo de milênio.

Filmes da Semana (cotações de 0 a 4 estrelas)



Cartola, de Hilton Lacerda e Lírio Ferreira ***
O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia ***1/2
Sunshine – Alerta Solar, de Danny Boyle ***1/2
Pepping Tom, de Michael Powell ****
Medo e Delírio em Las Vegas, de Terry Gillian ****
Wittgenstein, de Derek Jarman ***1/2
Crime à Meia-Noite, de Chester Erskine ***
Louca Escapada, de Steven Spielberg ****
American Pop, de Ralph Bakshi ****

quinta-feira, abril 19, 2007

Apenas Um Beijo, de Ken Loach ****


O comentário mais comum que aparece quando o nome do cineasta britânico Ken Loach vem à tona é o fato do mesmo colocar nos seus filmes temas de conteúdo social. É claro que isso é verdade, mas reduzir o referido diretor para apenas esse aspecto é injustamente reducionista. Afinal, Loach é um artista com um domínio impressionante da linguagem cinematográfica. Por mais espinhosos e crus que as temáticas dos seus filmes possam parecer, na grande maioria de tais produções sempre predomina uma narrativa ágil e repleta de momentos impactantes, tanto pela tensão de algumas seqüências quanto pelo humanismo e ternura de outras cenas.

Todo esse universo particular cinematográfico de Ken Loach está presente em “Apenas Um Beijo”, com o cineasta provando que sempre é capaz de surpreender o espectador. Isso fica perfeitamente evidente na abordagem franca e libertária que Loach tem sobre uma das premissas mais batidas na história do cinema: o amor “proibido” de um casal de namorados. No caso do filme, cuja trama se passa em Glasgow, a relação amorosa entre o muçulmano Casim (Atta Yaqub) e Roisin (Eva Bisthistle) é repudiada tanto pela família do rapaz quanto por parte do círculo de amizades e profissional da garota. O que impressiona na visão de Ken Loach, entretanto, é que o mesmo desconsidera a tradicional concepção “Romeu e Julieta” para esse tipo de trama, fazendo com que o seu par de protagonistas exponha o ridículo de preceitos religiosos e preconceitos sociais e raciais que parecem estar fora de sintonia com o mundo atual. Na conclusão de “Apenas Um Beijo”, Casim e Roisin simplesmente ignoram as velhacarias que se escondem sob o manto da “tradição” e do “respeitável” e ficam juntos, sem que seja necessário que o roteiro apele para uma tragédia ou algo parecido. Essa naturalidade com que Loach enquadra a história de amor do filme é fascinante, fazendo com que “Apenas Um Beijo” esteja a léguas de distância dos ideais ultrapassados de romantismo de séculos atrás e do sentimentalismo barato de novelas e afins, retratando tanto o amor como o próprio sexo num patamar muito mais de acordo e verdadeiro com o mundo contemporâneo.

A Grande Final, de Gerardo Olivares ***



Na tradição do cinema iraniano e outras cinematografias orientais contemporâneas, “A Grande Final” é uma obra que resgata alguns dos princípios básicos da escola neo-realista: registro visual com influências documentais, presença de atores amadores, temática de forte conotação social ou quotidiana. E apesar de não trazer grandes novidades, é um filme que encanta pelo surpreendente bom humor ao retratar o impacto da final da Copa do Mundo de 2002 em três localidades inóspitas e selvagens ao redor do mundo, sendo bem sucedido também ao conseguir retratar com fidelidade características marcantes de tais regiões como o preconceito racial, o fundamentalismo religioso e a vida nômade. O que surpreende o espectador, principalmente aquele ocidental, é o fato de que, dentro de uma aparente desorganização e desconforto e com pessoas que apresentam valores tão diferenciados, um evento como um jogo de futebol consegue mobilizar e até mesmo unir grupos de pessoas tão heterogêneos.

terça-feira, abril 17, 2007

Um Bando à Parte, de Jean-Luc Godard ****



O fato da produtora de Quentin Tarantino ter o nome de “Band à Part” representa muito mais que uma simples homenagem. Afinal, Tarantino talvez seja o cineasta que mais se aproxima do que representa o melhor do cinema de Jean-Luc Godard, cujo esse “Um Bando à Parte” é um dos grandes pontos altos da sua carreira.

Em “Um Bando à Parte”, tem-se o ápice da primeira fase da cinematografia de Godard, quando o conteúdo político não havia tomado conta da sua temática. Dessa forma, o cineasta usa e abusa do seu genial estilo original, onde combinava uma série de referências dos policiais B norte-americanos filtrados com uma ótica muito particular. Para Godard, muito mais importante do que os seus roteiros em si eram as possibilidades visuais e de edição que eles podiam proporcionar. Valoriza-se como nunca a estética dos movimentos (as “mortes” geralmente têm uma coreografia genialmente “fake”), além de um trabalho de montagem frenético e que até hoje é referência para diretores em todo mundo.

segunda-feira, abril 16, 2007

Noel – O Poeta da Vila, de Ricardo Van Steen ***



Essa cinebiografia de um dos maiores nomes da música brasileira é bastante irregular, principalmente em determinadas recriações dramáticas de eventos da vida do músico. Tais seqüências acabam parecendo forçadas e falsas demais, faltando uma maior fluência narrativa. Mesmo assim, “Noel – O Poeta da Vila” é uma obra que vale assistir, principalmente por alguns ótimos números musicais. Algumas composições inesquecíveis de Noel Rosa são bem valorizadas pela visão reverencial de Ricardo Van Steen, que consegue oferecer um contexto didático e ao mesmo tempo fortemente emocional para tais canções. Contribui também a boa atuação de Rafael Raposo no papel título, que consegue dar uma bela dimensão humana para o protagonista, fazendo com que o mesmo oscile com sensibilidade entre o cômico e o trágico.

Johnny e June, de James Mangold ***1/2



Lembro-me que ano passado, ao ouvir uma discussão sobre a premiação do Oscar de 2006, ouvi um comentário colocando que não se entendia por que “Johnny e June”, a cinebiografia do genial cantor de country e rock Johnny Cash, estaria entre os indicados à melhor filme devido ao fato de ser uma obra que não trazia grandes novidades. Ora, essa questão de originalidade do cinema é muito relativa. É claro que é extremamente salutar que surjam obras que tragam algum sopro de revitalização para o cinema, pois é isso que faz com que o mesmo continue relevante como meio de expressão. Ao mesmo tempo, entretanto, é impossível que surjam constantemente produções revolucionárias e que alterem radicalmente a estrutura das coisas. Ou seja, não dá para não gostar de um filme simplesmente porque o mesmo não abalou a história do cinema. “Johnny e June” não tem essa pretensão apoteótica. Sua intenção é oferecer uma visão humana sobre a história pessoal, com todas as suas glórias e contradições, de um dos maiores ícones da música norte-americana, e nisso o filme é bem sucedido. O diretor James Mangold não realizou uma obra que se dedica exclusivamente a tecer loas ou beatificar a figura de Cash. Muito pelo contrário. O filme mostra como a vida cheia de altos e baixos do cantor estava intrinsecamente ligada à própria música torturada e sombria do mesmo. O conjunto de fotografia, edição e direção de arte recriam com felicidade episódios memoráveis não só da trajetória do protagonista como também da música dos EUA dos últimos 50 anos, principalmente das gravações e excursões do impressionante elenco de roqueiros da mitológica Sun Records (Cash, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins) e o show realizado por Cash na Folson Prison, captando com sensibilidade o espírito de uma época. E é claro que não daria para esquecer de mencionar a fantástica seqüência em que Cash vai pela primeira vez na Sun e o dono da gravadora, o lendário Sam Phillips, pede para que ele toque a sua “verdade”, sendo que Cash lasca uma interpretação sentida e arrepiante de “Folson Prison Blues”. O resultado é de arrepiar a espinha.

Filmes da Semana (Cotações de 0 a 4 estrelas)

A Festa Nunca Termina, de Michael Winterbottom ****
As Férias de Mr. Bean, de Steve Bendelack ***
Porto Alegre – Meu Canto no Mundo, de Cícero Aragon e Jaime Lerner *1/2
O Crocodilo, de Nanni Moretti ***
E Agora Para Algo Completamente Diferente, de Ian MacNaughton ****
A Noiva do Demônio, de Terence Fisher ***
A Estranha Perfeita, de James Foley **1/2
Uma Sombra no Escuro, de David Hayman ***1/2
Riff Raff, de Ken Loach ****
Zoo – Um Z e Dois Zeros, de Peter Greenaway ****
39 Degraus, de Alfred Hitchcock ***1/2
Momento de Afeto, de Alan Rickman **1/2
Rebecca, A Mulher Inesquecível, de Alfred Hitchcock ****

sexta-feira, abril 13, 2007

Uma Noite no Museu, de Shawn Levy **1/2

“Uma Noite no Museu” é aquele típico filme cuja idéia inicial é muito boa, mas que apresenta uma realização apenas mediana. O seu problema maior é um foco excessivamente convencional no estilo “filme família com lições de vida”. Dessa forma, limita-se o potencial de fantasia que a premissa inicial do roteiro cria. É claro que o filme não é um desperdício completo, principalmente por algumas empolgantes seqüências de ação e pelo desempenho divertido dos três vigias veteranos do museu do título. No final, entretanto, fica-se com a sensação de que “Uma Noite no Museu” poderia ter sido muito melhor sob a batuta de um cineasta mais ousado.

quinta-feira, abril 12, 2007

Furyo – Em Nome da Honra, de Nagisa Oshima ***1/2

Apesar das temáticas aparentemente diferenciadas entre si, “Furyo” traz muito de elementos já explorados em “O Império dos Sentidos”, obra-prima erótica também dirigida por Nagisa Oshima. Apesar de se passar em um campo japonês de prisioneiros de guerra, a preferência do cineasta recai não para o registro de conflitos bélicos, mas sim para as relações humanas entre prisioneiros ingleses e os militares japoneses. Da tensão homo-erótica entre o oficial Celliers (David Bowie) e o Comandante de Campo Yonoi (Ryuichi Sakamoto) à ambígua relação de admiração e desafio entre o líder do prisioneiros, Coronel John Lawrence (Tom Conti), e o sargento Gengo Hara (Takeshi Kitano), Oshima explora brilhantemente silêncios e momentos contemplativos com seqüência de uma violência seca e impactante. A música de Sakamoto sublinha as cenas de forma quase evocativa e etérea, aumentando ainda mais o clima de estranhamento. O curioso é que anos depois Oshima levou uma trama e abordagem semelhante para uma obra ambientada no Japão da época dos samurais, o forte “Tabu”.

No mais, é de se destacar ainda “Furyo” a ótima atuação de Takeshi Kitano (em sua estréia nas telas), numa performance que já trazia bastante da persona dura e ao mesmo tempo terna de filmes clássicos como “Sonatine” e “Hana-Bi”.

quarta-feira, abril 11, 2007

O Último Rei da Escócia, de Kevin MacDonald **1/2

Uma visão sobre o violento período em que Idi Amin governou Uganda é uma premissa que certamente despertaria interesse e criaria alguma expectativa para “O Último Rei da Escócia”, mas quem tem essa esperança poderá se decepcionar quando assistir ao filme. O diretor Kevin MacDonald é extremamente burocrático na condução da obra, preferindo se ater a uma concepção bem comportada e estereotipada dos fatos. Formalmente, não apresenta maiores ousadias, com exceção de alguns momentos na meia-hora final do filme em algumas seqüências de violência gráfica que chegam a lembrar Tony Scott. E a oscarizada e tão comentada atuação de Forest Whitaker na pele do ditador africano nem é todo esse bicho que se fala. Whitaker é apenas correto, com uma interpretação dramática mais preocupada em fazer mimetismos do que propriamente explorar nuances da figura de Idi Amin. No departamento “interpretação de figuras históricas”, o ator foi bem melhor sucedido na composição emocionante e visceral de Charlie Parker no belo “Bird” de Clint Eastwood.

segunda-feira, abril 09, 2007

Filmes das Últimas Duas Semanas (Cotações de 0 a 4 estrelas)

Atirador, de Antoine Fuqua ***1/2
Um Domingo em Kigali, de Robert Favreau ***
Container, de Lukas Moodysson ***1/2
Teu Nome é Justine, de Franco de Peña ***
Centroavante Nato, de Cláudio Guiducce ***1/2
O Verão do Meu Irmão, de Pietro Reggiani ***
Donovan O Fraco, de Kivmars Bowling *
A Rede, de Lutz Dammbeck ***1/2
Pasolini Ao Nosso Redor, de Giuseppe Bertolucci ***
Minha Viagem à Itália, de Martin Scorsese ****
A Traição, de Philippe Faucon ***
Diretor de Matrimônios, de Marco Bellochio ***1/2
Relógio Biológico, de Ricardo Trogi ***
Dirigido Por John Ford, de Peter Bogdanovich ****
A Razão de Um Sonho, de Laura Betti **1/2
São Ralph, de Michael McGowan **1/2
A Reeducação, de Davide Alfonsi, Alessandro Fusto, Daniele Guerrini e Denis Malagnino **1/2
Crepúsculo, de Ghasem Jafari *
Vítus, de Fredi Mürer **1/2
Flower e Garnet, de Keith Behman ***
A Estrela Que Falta, de Gianni Amelio ***1/2
Nascido e Criado, de Pablo Trapero ***1/2
Natureza Morta, de Jia Zhang-ke ***
Dong, de Jia Zhang-ke **
Manô, de George Felner *
A Revanche de Natal, de Pupi Avati ****
El Benny, de Jorge Luis Sánchez **1/2
Praia Marisco, de Jacques Martineau ***1/2
Gerrit Van Dijk: Documentário **1/2
Um Casal Perfeito, de Nobuhiro Suwa ***1/2
Todos os Dias Um Pouco, de Pedro Wallace ½ (meia estrela)
Em Outro País, de Marco Turco ***1/2
Segunda Lua-de-Mel, de Pupi Avati ****
A Entrevista, de Luc Picard ***
A Cor do Sacrifício, de Mourad Boucif **1/2
Todas as Cores do Amor, de Liz Gill ***
Uma História Diferente, de Marco Battaglia, Gianluca Donati, Laura Schimmenti e Andréa Zulini ***
A Noite do Senhor Lazarescu, de Cristi Puiu ****
Mortos de Riso, de Alex de La Iglesia ****