quinta-feira, dezembro 28, 2006

Noites Brancas, de Luchino Visconti ****

Quando se pensa na filmografia do diretor italiano Luchino Visconti geralmente o que nos vem à mente são dois momentos bem distintos em sua carreira: os primeiros filmes bastante influenciados pela estética neo-realista e fortemente melodramáticos (“A Terra Treme” e “Rocco e Seus Irmãos”) e os últimos trabalhos com uma acentuada vocação operística e marcados pela estética da decadência (“Ludwig” e “Morte em Veneza”). Curiosamente, “Noites Brancas” é uma obra que não se enquadra em nenhuma dessas linhas, mas mesmo assim traz a indelével marca pessoal e estilística desse brilhante cineasta.

Baseado em um conto de Dostoyevsky, “Noites Brancas” é uma bela e amarga história de amor, tendo como mote o conflito de Mario (Marcello Mastroianni) em abrir mão da mulher que ama (Maria Schell) em nome da felicidade da mesma. Visconti mostra toda a sua maestria ao orquestrar com o seu habitual requinte o pano de fundo e o clima adequados para a sua trama. O diretor faz da cidadezinha onde se desenrola o seu roteiro praticamente um personagem do filme. A brancura de neve das suas ruas e a sua estrutura quase labiríntica parecem um reflexo da melancolia que permeia a trama, sendo que a fantástica fotografia colabora com sensibilidade para essa relação.

Chama atenção ainda em “Noites Brancas” a interpretação de Marcello Mastroianni, numa caracterização bem diversa do tipo sedutor que normalmente ele costumava interpretar. O seu Mario está muito mais para um registro romântico e ingênuo, o que acaba resultando em uma das atuações mais memoráveis de Mastroianni e que dá o complemento ideal para o espírito do filme.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

O Cerro do Jarau, de Beto de Souza (zero)

O biênio 2005-2006 foi impressionante para o cinema brasileiro na quantidade de filmes que oscilaram entre a mediocridade e a ruindade mesmo. Nesse panorama nada abonador, “O Cerro do Jarau” talvez seja o ponto mais baixo atingido (pelo menos de tudo que eu vi no referido período). A tentativa de conciliar uma lenda gaúcha com uma trama contemporânea podia até ter parecido interessante num projeto de roteiro, mas o resultado em si é pífio e sem vida. Não há fluência narrativa e nem mesmo uma linguagem cinematográfica de maior elaboração. A câmera simplesmente está ali registrando, da forma mais sem graça e burocrática possível. Outro “destaque” é o trabalho do elenco que em vários momentos resvala no simplesmente constrangedor. Tarcísio Filho passa boa parte do filme com um ar de canastrão que não sabe exatamente o que está fazendo ali, chegando ao máximo do ridículo quando começa a dançar punk rock em um show. O restante dos atores logram “interpretações” do mesmo naipe, com a exceção do apenas correto Miguel Ramos.

Uma coisa que me irrita geralmente em críticas ou conversas sobre cinema é o uso indevido e indiscriminado da expressão “trash”, aplicando-se o mesmo de forma equivocada, por exemplo, para qualquer filme de terror com uma queda para o irônico. Considero que “trash” é essencialmente qualquer filme mal-feito, incompetente mesmo, independente do gênero ao qual pertença. Nessa lógica, considero “O Cerro do Jarau” um perfeito exemplo dessa corrente cinematográfica. E se levarmos para esse lado, podemos até apreciar o filme pelo ridículo de algumas seqüências, que chegam até a ser engraçadas. O momento da trama, por exemplo, em que o Padre Martim, em uma mesma noite, é torturado, transa com sua prima Rebeca e depois se envolve em uma perseguição automobilística é um primor da cretinice. Pena que tenha faltado maior traquejo no filmar tais seqüências: poderíamos até ter alguns momentos antológicos... Hilária ainda é a apresentação de Toco: o cara sai de forma meio desajeitada detrás de uma pedra e a narração em off fala algo do tipo “Toco, o maior especialista da lenda da Salamanca do Jarau”. Putz, é quase digno de um Ed Wood!!

A impressão geral que tenho sobre “O Cerro do Jarau” é que nem o pessoal da produção do filme esperava receber uma grana para que o mesmo saísse do papel. Quando eles viram que alguém foi “corajoso” o suficiente para investir grana, ficaram desesperados e pensaram: “Putz, vamos ter de fazer o filme!!”. E daí fizeram de qualquer jeito mesmo. E mais engraçado ainda é que depois de meses o filme voltou a cartaz, estando dentro de um projeto de cinema para as escolas. Será que esse pessoal não percebe que podem fazer com que pobres criancinhas e adolescentes nunca mais tenham coragem de ver um filme depois de passar por uma experiência traumática como essa??

terça-feira, dezembro 26, 2006

A Casa dos 1000 Corpos, de Rob Zombie ***1/2

Esta produção norte-americana de 2002 é a obra de estréia como cineasta do cantor Rob Zombie. Para quem conhece os seus discos solos e dos tempos do White Zombie, “A Casa dos 1000 Corpos”, em um primeiro momento, parece uma continuação natural do lado musical da carreira de Zombie: uma série de referências apaixonadas da cultura B dos EUA. Em um olhar mais atento, entretanto, revela-se alguns detalhes que ajudam a diferenciar Zombie de outros diretores estreantes recentes e ajudam a compreender porque seu filme seu filme seguinte, o monumental “Rejeitados Pelo Diabo”, é uma puta obra-prima.

O maior barato de “A Casa dos 1000 Corpos” é a ótima revitalização que faz do melhor do cinema underground de horror dos anos 70, principalmente da filmografia de Wes Craven desse período e da clássica primeira versão de “O Massacre da Serra Elétrica”. A narrativa seca e angustiante, a fotografia de tons áridos, a direção de arte de uma brilhante feiúra estilizada e a ótima caracterização dos personagens (principalmente da carismática família de psicopatas) compõem uma obra visceral e sem receios de se mostrar devidamente escrota. Todas essas boas qualidades foram posteriormente retomadas e elevadas a enésima potência em “Rejeitados Pelo Diabo”, e sem aquelas seqüências de edição estilo video-clip que em alguns poucos momentos diminuem o brilho desse excelente “A Casa dos 1000 Corpos”.
Cotações da Semana (de 0 a 4 estrelas)

007 – Cassino Royale, de Martin Campbell ****
Eragon, de Stefen Fangmeier *
Happy Feet, de Judy Morris, Warren Coleman e George Miller ***1/2
Foi Deus Quem Mandou, de Larry Cohen ****
Soldado de Laranja, de Paul Verhoeven ****
Renaissance, de Christian Volckman **
Consciências Mortas, de William Wellman ****

sexta-feira, dezembro 22, 2006

O Fim e o Princípio, de Eduardo Coutinho ***1/2

Um dos maiores lugares comuns que se tem dito atualmente entre críticos e público em geral é que a produção de documentários no Brasil está em alta e que os mesmos têm tido uma média de qualidade muito mais elevada que os longas de ficção. Considero tal afirmação discutível. Boa parte dos filmes desse gênero que assisti nos últimos anos carece de maiores ousadias. Com algumas raras e boas exceções, os mesmos parecem obedecer a uma fórmula bem estabelecida: câmera sem maiores movimentos, na maioria com um enquadramento direto em alguma pessoa falando, e temática com algum fundo social relevante. E é isso que acho mais irritante: é como se o fato de discutir alguma mazela da nossa sociedade já desse para o filme legitimidade artística. Diante de um quadro como esse, é extremamente salutar assistir a uma obra como “O Fim e o Princípio”, de Eduardo Coutinho, o melhor cineasta documentarista brasileiro em atividade.

Mesmo não atingindo a perfeição de obras-primas anteriores de Coutinho como “Cabra Marcado Para Morrer” e “Edifício Máster”, essa produção de 2005 têm grandes momentos, mostrando que um documentário não é apenas um simples registro da “realidade”. O cineasta tem um senso estético apurado no filmar. Mesmo quando sua lente só foca uma pessoa falando, ele consegue obter enquadramentos que criam um clima adequado para os seus “personagens”, fazendo do próprio ambiente uma entidade que interage com o que está sendo dito. Isso fica evidente ainda mais quando Coutinho entrevista pessoas que mal conseguem articular alguma frase coerente: a maneira como a câmera enquadra tais indivíduos, aproveitando de forma magnífica a iluminação natural do sertão nordestino, torna o mutismo dos mesmos fortemente eloqüentes. E aí é que está talvez o grande mérito de Eduardo Coutinho: pegar um tema aparentemente árido em idéias (afinal, o que se ainda poderia falar sobre o tão decantado sertão nordestino e a pobreza de seus habitantes?) e dar um enfoque renovado e até mesmo bem-humorado, oferecendo a um grupo de pessoas que vivem praticamente no meio do nada uma dignidade quase épica.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Os Eternos Desconhecidos, de Mario Monicelli ****

Essa produção de 1958 é um dos grandes pontos altos tanto da carreira de Mario Monicelli como do próprio cinema italiano. O que acho de mais fascinante no filme é a forma simplesmente mágica que Monicelli consegue combinar uma comédia de tom quase anedótico com tintas neo-realistas. Os principais personagens de “Os Eternos Desconhecidos” são pessoas pobres e simples, sendo que os seus problemas diários são mostrados numa forma quase crua. O genial é que apesar disso a mão do cineasta nunca pesa. A narrativa mantém sempre um tom leve e bem-humorado, mesmo que não percamos durante todo o filme a noção da realidade dura das pessoas. O próprio crime a ser praticado pelos personagens é retratado de forma tão carinhosa e patética que dificilmente conseguimos levar a sério o grau de periculosidade dos mesmos. E é claro que vale destacar as brilhantes e hilárias atuações de Vittorio Gassman, Marcello Mastroianni.

“Os Eternos Desconhecidos” é de um tempo em que o cinema italiano não confundia sentimentalismo com a manipulação emocional excessiva típica dos filmes recentes de Giuseppe Tornatore e assemelhados, além de ter ajudado a forjar uma linguagem própria da cinematografia de seu país.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Caché, de Michael Haneke ****

“Caché” é uma das experiências cinematográficas mais radicais exibidas nas telas nesse ano. O diretor Michael Haneke, autor de outras obras ousadas como “Funny Games” e “Professora de Piano”, utiliza-se bastante do recurso de uma câmera fixa, que aparentemente parece estar filmando atos e fatos meramente cotidianos, num registro fortemente naturalista, mas a medida que o tempo vai passando tais enquadramentos vão se tornando cada vez mais reveladores. Haneke não está nem um pouco disposto a facilitar a vida do expectador, sendo que “Cachê” exige do mesmo uma absorção plena para que entenda a visão sombria do cineasta sobre as relações humanas.

A trama de “Cachê” é simples como premissa inicial: uma família começa a receber vídeos que mostram que a mesma está sendo vigiada. Essa simplicidade, entretanto, é ilusória. O que Haneke faz é simplesmente desconstruir o gênero suspense. Tanto que logo descobrimos quem está fazendo essa vigília ameaçadora. O que acaba interessando ao cineasta é aos poucos revelar os motivos que levaram o “vilão” a tomar a sua estranha atitude. Quanto mais a trama do filme avança nessa direção de explicitar as causas, mais perturbador “Caché” se torna, mergulhando numa amarga demonstração da indiferença e crueldade humana na figura de Georges (Daniel Auteill, num brilhante trabalho dramático repleto de sutilezas), o pai da família e aparente “vítima” da situação. Haneke, contudo, não cai em maniqueísmo no sentido de caracterizar heróis e vilões para o seu filme. Os seus personagens são muito mais aprofundados ao se mostrarem como indivíduos capazes de ações extremas devido a sentimentos como egoísmo, inveja e ressentimentos diversos. O resultado desse rigoroso trabalho do cineasta é uma obra que gera um tremendo desconforto para quem assiste, mas que ao mesmo tem uma força inegável em prender o expectador.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Os Eleitos, de Philip Kaufman ****

O motivo principal que leva “Os Eleitos” a ser um magnífico filme é o fato de que o diretor Philip Kaufman conseguiu captar com precisão o espírito do livro original de Tom Wolfe e traduziu todo esse rico material literário num conjunto de cenas e seqüências inesquecíveis.

“Os Eleitos” tem como tema o início da corrida espacial norte-americana, indo das primeiras reuniões entre os políticos em Washington até chegar às primeiras missões de sucesso. O enfoque utilizado por Kaufman é fascinante: ao mesmo tempo que se tem uma visão ácida e irônica sobre o “american way of life” e as politicagens inerentes ao assunto, tem-se também uma abordagem apaixonada e admiradora dos primeiros homens a se aventurar no espaço. A forma com que a coragem e a sagacidade dos astronautas é mostrada remete diretamente os mesmos à figura dos velhos cowboys. Nesse sentido, em vários momentos de “Os Eleitos” temos a impressão de estar assistindo a um clássico faroeste reatualizado nas nuvens ou em pleno espaço.

Apesar de “Os Eleitos” justamente mostrar todo o trabalho de preparação dos astronautas e as suas primeiras aventuras nos espaço, o personagem mais forte e simbólico das intenções dos filme seja Chuck Yeager (Sam Shepard), um piloto de testes carrancudo e obcecado em atingir as maiores velocidades possíveis em seus vôos. Yeager representa o ideal de herói no nosso imaginário: pouco ligando para a posteridade, seu desejo é romper todos os limites imagináveis só para saciar a curiosidade de ver no que vai dar. E é justamente a sua rebeldia e ousadia que impedem que seja escolhido entre os pilotos selecionados para o programa espacial. Mas é aí que reside mais um dos aspectos geniais do filme: os aparentemente fáceis de controlar astronautas ao longo do seu treinamento e primeiras missões mostram trazer dentro de si a chama da bravura indômita de Yeager e provam ao mundo não serem apenas cobaias dos cientistas nas viagens espaciais. Poucas vezes o heroísmo foi retratado de forma tão sublime nas telas.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Cotações da Semana (de 0 a 4 estrelas)

Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón ****
Caminho Para Guantanamo, de Michael Winterbottom ***1/2
O Céu de Suely, de Karim Aïnouz ***1/2
Warriors – Os Selvagens da Noite, de Walter Hill ****
Aguirre, A Cólera dos Deuses, de Werner Herzog ****
Lutador de Rua, de Walter Hill ****
Apache, de Robert Aldrich ***1/2

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Cotações da Semana (de 0 a 4 estrelas)

Amarás a Deus Sobre Todas as Coisas, de Krzysztof Kieslowski ***1/2
Não Tomarás Seu Santo Nome em Vão, de Krzysztof Kieslowski ***1/2
Guardarás Domingos e Festas, de Krzysztof Kieslowski ***
Honrarás Pai e Mãe, de Krzysztof Kieslowski ****
Não Matarás, de Krzysztof Kieslowski ****
Não Amarás, de Krzysztof Kieslowski ****
Não Furtarás, de Krzysztof Kieslowski ***1/2
Não Levantarás Falso Testemunho, de Krzysztof Kieslowski ***
Quadrophenia, deFranc Roddam ****
Não Desejarás A Mulher do Próximo, de Krzysztof Kieslowski ***1/2
Não Cobiçarás As Coisas Alheias, de Krzysztof Kieslowski ****
O Ilusionista, de Neil Burger **1/2
Parceiros da Morte, de Sam Peckinpah ****
Montenegro, de Dudan Makavejev ****
Tropas Estelares, de Paul Verhoeven ****

quarta-feira, dezembro 06, 2006

O Veneno da Madrugada, de Ruy Guerra ***

A produção mais recente do veterano cineasta Ruy Guerra é uma versão para a tela grande de um romance de Gabriel Garcia Márquez. E como acontece em algumas adaptações semelhantes, acaba caindo em algumas armadilhas, principalmente pelos diálogos empostados e pela caracterização excessivamente teatral de alguns personagens. Apesar disso, “O Veneno da Madrugada” traz um frescor e uma inventividade que são artigos raros no atual panorama do cinema brasileiro, fazendo com que o filme se destaque nessa recente safra nacional. Um dos grandes pontos altos do filme é a magnífica fotografia de Walter Carvalho: a sua câmera percorre a pequena cidadezinha onde se passa a trama com uma desenvoltura admirável, obtendo ângulos de forte impacto visual e que acentuam ainda mais o clima opressivo imposto pela narrativa de Guerra. Os enquadramentos de Carvalho conseguem aproveitar com habilidade detalhes como a arquitetura decadente do cenário e a chuva incessante que paira durante praticamente todo o filme. Fascinante também é a forma com que Guerra abandona em alguns momentos a linearidade da narrativa e faz com que a mesma retroceda no tempo apresentando diferentes pontos de vista ou até mesmo soluções diferentes para o roteiro.

Por mais irregular que possa ser, “O Veneno da Madrugada” é uma obra instigante como poucas dentro do cinema nacional. Dentro de uma conjuntura em que os filmes brasileiros parecem procurar cada vez mais um padrão estético pasteurizado e próximo à televisão, é extremamente salutar que haja alguém como Ruy Guerra disposto a levar a linguagem cinematográfica a rumos mais interessantes e originais.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Godspell, de David Greene e John Michael Tebelak****

A história do cinema é repleta de adaptações para as telas da trajetória de Jesus Cristo. Poucas, entretanto, conseguiram realmente se destacar. Isso ocorreu geralmente pelo fato da maioria delas caírem para uma visão mais conservadora e convencional e também por não apresentarem maiores ousadias formais. As brilhantes exceções dentro desse panorama se dão justamente pela procura de uma abordagem menos óbvia da temática, ao mesmo tempo em que há uma procura em se desenvolver uma linguagem cinematográfica mais apurada. Nessa linha, vale mencionar os magníficos “O Evangelho Segundo João Mateus”, onde o provocador cineasta italiano Pasolini mostra Cristo como um revolucionário e utiliza um estilo naturalista de filmar, e “A Última Tentação de Cristo”, obra em que Scorsese destilou sua particularíssima noção de religiosidade e de concepção cinematográfica. E é claro que nessa galeria de obras singulares não poderíamos esquecer “Godspell”.

Originalmente, “Godspell” era um musical de sucesso da Broadway, em que passagens do Novo Testamento foram formatadas em coreografias e canções belíssimas, além do fato de enquadrar parte da história de Cristo em plena Nova Iorque contemporânea. O grande mérito dos diretores David Greene e John Michael Telebak foi pegar esse material de forte conteúdo teatral e conseguir transformar o mesmo em um filme que tem uma fluência impressionante. Conseguiu-se preservar com fidelidade o espírito da obra, que é o de fazer a conexão da figura de Cristo com o espírito libertário típico dos anos 60 e 70, ao mesmo tempo que se ofereceu ao musical uma dinâmica cinematográfica fantástica. Dessa forma, “Godspell” nunca resvala para o teatro filmado.

Impressiona ainda o fato do filme ter uma diversidade incrível nos números musicais, em que cada um dos mesmos tem uma variação admirável tanto nos estilo musical das canções como na própria forma em que são filmadas. Os cineastas têm o feeling certo para saber alternar seqüências de um tremendo bom humor para outras de alta carga dramática. O resultado disso é um filme de forte empatia com a platéia repleto de cenas marcantes e canções inesquecíveis, e que também consegue oferecer uma visão renovada e atemporal para um tema que geralmente cai no lugar comum.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Cotações da Semana (de zero a quatro estrelas)

Um Bom Ano, de Ridley Scott ***
A Fonte da Vida, de Darren Aronofsky ***1/2
Amigas Com Dinheiro, de Nicole Holofcener ***
Tudo Bem, de Arnaldo Jabor **1/2
Os Infiltrados, de Martin Scorsese ****
O Labirinto do Fauno, de Guillermo Del Toro ***1/2
007 Um Novo Dia Para Morrer, de Lee Tamahori ****
O Demônio da Noite, de Alfred L. Werker ****