quarta-feira, outubro 28, 2009

Recém-Chegada, de Jonas Elmer 1/2 (meia estrela)


Talvez alguma alma caridosa possa utilizar aquele surrado argumento para tentar defender “Recém-Chegada” (2009): “ele é bom para o que se propõe”. Não, mesmo dentro do gênero comédia romântica com lição edificante e sob qualquer outra circunstância essa produção pode ser considerada desastrosa. Da atuação de Renée Zellweger repetindo os trejeitos de Bridget Jones até a completa falta de inspiração para aproveitar os belos cenários gelados de Minnesota, tudo em “Recém-Chegada” evoca um desolador deserto criativo.

Frost/Nixon, de Ron Howard ***


Mesmo distante dos bons tempos de obras divertidas como “Splash – Uma Serei em Minha Vida” (1984) e “O Tiro Que Não Saiu Pela Culatra” (1985), de vez em quando Ron Howard consegue emplacar um filme interessante. É o caso de “Frost/Nixon” (2008). Por mais que se pretenda colocar uma aura séria de thriller político para essa produção, a verdade é que o que se tem é uma trama de tendências maniqueístas (apesar do Frost de Michael Sheen transbordar vaidade e oportunismo), em que o ex-presidente republicano é retratado fortemente como uma entidade quase maquiavélica (ainda que emane uma aura carismática de Frank Langella na pele de Nixon). Mas isso não chega a ser um grande problema, pois a dinâmica narrativa consegue criar uma tensão permanente usando por base um roteiro muito focado em diálogos.

“Frost/Nixon” também pode soar como um pedido antecipado de crédito por parte de Howard, tendo em vista que posteriormente ele lançou “Anjos e Demônios”, forte candidato a uma das grandes bombas cinematográficas de 2009.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Contratempo, de Malu Mader e Mini Kerti **1/2


Um documentário que trata sobre questões como a exclusão social e dirigido por uma estrela de novelas globais não parece ser um indício promissor de algo bom para se ver no cinema. “Contratempo” (2008), entretanto, obra de estréia na direção de Malu Mader, acaba sendo uma surpresa. O filme mostra o cotidiano de alguns jovens que fizeram parte do projeto social Villa-Lobinhos, programa que visa difundir a música clássica em comunidades carentes. Mesmo preso num formato excessivamente “quadradão”, a produção se destaca por evitar o tom de conto de fada ou de pura exaltação. Até pelo contrário: Mader e a co-diretora Mini Kerti abordam experiências individuais diversas em relação ao impacto que o Villa-Lobinhos teve na vida das pessoas enfocadas no filme, o que oferece à “Contratempo” uma considerável carga dramática. Dos gêmeos que conseguem bolsas para estudar em uma prestigiada escola de música norte-americana até o rapaz que se volta para as drogas e acaba assassinado, tem-se uma obra que não apresenta soluções fáceis ou róseas realidades.

No final das contas, “Contratempo” mostra uma Malu Mader bem mais inquietante artisticamente como cineasta do que como atriz....

Che - O Argentino, de Steven Soderbergh ***1/2


Algo deve ficar bem claro em relação a “Che – O Argentino” (2008): não vai ser com esse filme que vamos entender o que é o socialismo ou vamos compreender quem realmente era Che Guevara. Ou seja, detratores não se converterão à causa do protagonista e admiradores da sua figura não mudarão de opinião. Narrando a saga da revolução socialista em Cuba, partindo do planejamento inicial e chegando até a tomada final de Havana, a produção dificilmente pode se enquadrar no gênero “político”. O que se tem, enfim, é um filme de guerra que tem como pano de fundo o evento histórico mencionado, sendo que nesse quesito “Che – O Argentino” se revela uma obra de respeito. O cineasta Steven Soderbergh comanda com habilidade ótimas seqüências de ação, tanto nas seqüências angustiantes nas florestas, retratadas como um opressivo e úmido inferno verde, como nas eletrizantes cenas de guerrilha urbana, usando até mesmo, em alguns momentos, um registro de tons quase documentais, mas sem apelar para câmeras tremendo. A narrativa de Soderbergh é dinâmica e objetiva como poucas, não dando muitas pausas para reflexão. Já Benicio Del Toro obtém uma eficiente composição dramática no papel de Guevara: apesar de dispensar maiores nuances de interpretação, ele mimetiza com precisão trejeitos e poses do mito.

O Visitante, de Thomas McCarthy **

A trama de “O Visitante” (2007) é simples: um professor universitário de meia-idade e solitário visita seu apartamento em Nova Iorque e descobre um casal de imigrantes ilegais vivendo no local, sendo que se afeiçoa aos dois e isso modifica sua vida para melhor. Pois é, a coisa é realmente bem previsível, mas provavelmente deve encantar a alguns espectadores pelo seu charme politicamente correto. O diretor Thomas McCarthy conduz a produção sem maiores ousadias e sobressaltos, resultando numa obra bem acabada, mas totalmente esquecível. O filme até chama atenção em alguns momentos por determinadas tomadas de Nova Iorque e também pela valorização do papel da música no desenrolar da trama, mas isso acaba sendo pouco diante da sua narrativa estéril.

terça-feira, outubro 20, 2009

FilmeFobia, de Kiko Goifman ***


Assim como “Jogo de Cena” (2007) e “Juízo” (2008), “FilmeFobia” (2008) é uma obra que se pretende como uma terceira via entre o documentário e a ficção. O diretor Kiko Goifman organizou o filme de forma episódica, em que cada parte focaliza um indivíduo que é exposto ao seu maior medo. Entremeando os episódios, há seqüências em que a fobia e a sua relação com o cinema são discutidas, além de haver um questionamento sobre o próprio processo das filmagens. Em um determinado momento, a estrutura de “FilmeFobia” não aparenta ser tão complicada: as histórias das pessoas ali filmadas são fictícias, mas o registro escolhido é o formato de um documentário. Quando se acha que está entendo essa esquematização dramática da produção, há mais uma surpresa que torna o processo novamente difuso: o crítico de cinema Jean-Claude Bernardet, interpretando a si mesmo, começa a trazer para a ficção elementos reais da sua vida.

Os métodos de exposição dos fóbicos aos seus temores podem evocar algo na linha de “Jogos Mortais”, mas os interesses de Kiko Goifman são diversos. O detalhamento dos modos de estudo/tortura e a reação apavorada das “cobaias” trazem uma perturbadora relação entre o cruel e o cômico e também revelam dúvidas: as questões levantadas pelo filme são para serem levadas a sério? Mas se é uma piada, por que se fica angustiado com a mesma? E faz parte da brincadeira Bernardet mostrar alguns dos duros detalhes da sua rotina de portador do vírus da AIDS? É justamente nesse campo de dúvidas e contradições que se revela o fascínio de “FilmeFobia”, mesmo com as eventuais irregularidades do seu ritmo narrativo.

domingo, outubro 18, 2009

X-Men Origens: Wolverine, de Gavin Hood **


Talvez a melhor fase nos quadrinhos do personagem Wolverine tenha sido aquele período em que John Byrne era o desenhista e também participava dos argumentos da série dos X-Men. O motivo era bem simples: as histórias traziam uma aura de mistério para o invocado e baixinho mutante. Simpatizava-se com o jeito durão e agressivo do herói, ao mesmo tempo que o desconhecimento do seu passado sugeria uma série de possibilidades que povoavam o imaginário dos leitores. É claro que a crescente popularidade dele fez com que a Marvel tratasse de dar um jeito de esclarecer esse obscuro passado, ainda mais que com o tempo Wolverine acabou ganhando uma revista própria (hoje em dia tem duas séries, mais uma série de especiais e minisséries). O problema é que o esclarecimento dos fatos nebulosos da vida do personagem, ainda que tenham rendido algumas boas HQs como “Arma X” e a minissérie “Origem”, tiraram um pouco do seu encanto. Além disso, diversos roteiristas fizeram uma miscelânea na trajetória pregressa do mutante, a um ponto que não se sabe distinguir se determinados fatos realmente aconteceram com ele ou não passam de memórias implantadas.

Agora pensem no seguinte: como tentar concentrar toda essa confusão de histórias num roteiro para um filme de duas horas? Nesse sentido, era melhor que não se fosse tão fiel aos quadrinhos. Pois é justamente essa “fidelidade” que transforma “X-Men Origens: Wolverine” em uma das grandes decepções de 2009. A tentativa de juntar elementos de várias tramas importantes das HQs do herói em apenas uma história rendeu um filme confuso e mal costurado. Além disso, Gavin Hood não se mostra muito afeito a produções de aventuras escapistas: com algumas poucas exceções, as cenas de ação de “Wolverine” padecem de um burocratismo frustrante. O filme não é só um total desperdício pela ótima seqüência dos créditos de abertura, onde Wolverine é focalizado em várias batalhas históricas, e na excelente e assustadora caracterização de Liev Schreiber como o vilão Dentes de Sabre (em contraposição a um insosso Hugh Jackman no papel título).

Na verdade, o que “Wolverine” precisava era de um roteirista nerd como Kevin Smith e um Michael Mann na direção para fazer jus ao potencial do personagem.

Muriel ou O Tempo de Um Retorno, de Alain Resnais ***1/2


Depois do desfile de diversos recursos estéticos em “Hiroshima Meu Amor” (1959) e “O Ano Passado em Mariembad” (1961), “Muriel” (1963) parece uma desacelerada em termos de ousadias formais por parte do cineasta francês Alain Resnais. O diretor aparenta estar muito mais focado na trama em si do que em experimentos narrativos. Isso até pode ser frustrante para aqueles que esperam constantes inovações de Resnais, mas “Muriel” está bem longe de ser uma obra puramente convencional. Tem-se o característico choque entre o olhar distanciado do diretor e um roteiro de tons intimistas, o que provoca no espectador uma fascinante sensação de estranhamento. O olhar da câmera de Resnais é discreto e elegante, ajudando a compor uma narrativa que parte de um rigoroso drama familiar e que chega a momentos fina ironia.

quarta-feira, outubro 14, 2009

O Chefão do Gueto, de Larry Cohen ***


Mesmo estando longe daquilo que pode ser considerado como o melhor da produção do veterano cineasta Larry Cohen (o mesmo diretor do brilhante “Foi Deus Quem Mandou”, de 1976), “O Chefão do Gueto” (1973) é um belo exemplar do talento de Cohen como competente artesão de filmes B. O filme obedece àquele tradicional formato de filmes de gângster com uma trama focando a ascensão, apogeu e queda de um violento e carismático bandido. Um dos atrativos que torna essa obra particularmente curiosa é o fato da mesma estar enquadrada no gênero blackexploitation, tendo em vista trazer um negro como protagonista, além de alguns dos cacoetes do gênero. Mesmo não tendo a classe de um “Shaft” (1971), por exemplo, “O Chefão do Gueto” é um filme policial bem dirigido, e que traz como bônus essencial, e que acaba o tornando um programa imperdível, a trilha sonora baseada em longos temas dançantes e climáticos do grande James Brown.

domingo, outubro 11, 2009

Valsa Com Bashir, de Ari Folman ***1/2


Tentar reconstituir fatos do passado através de um registro preciso e realista é uma missão árdua e complexa, além de poder ser limitador em termos de criatividade e até em termos de entendimento de tais fenômenos. Já uma leitura sobre esses mesmos fatos sob a luz de uma impressão pessoal, marcada pelas possíveis distorções e sentimentos que esse tipo de abordagem traz, acaba sendo muito mais reveladora e ousada para a compreensão de determinados acontecimentos. Esse raciocínio me veio à mente ao assistir “Valsa Com Bashir” (2008), insólita produção que combina documentário e animação ao narrar uma dramática passagem da vida do diretor Ari Folman que ele bloqueou na sua mente, o que faz com que não se recorde com clareza do que realmente aconteceu. O recurso da animação permite que se entre, inclusive, dentro do universo onírico que habita a mente de Folman, bem como vejamos o passado dele sob um prisma subjetivo e que se apropria do irreal e do lisérgico para enquadrar nebulosos fatos.

O que perturba Folman a ponto de involuntariamente sufocar certas lembranças é a sua participação em conturbados episódios ocorridos quando era soldado do exército israelense. A investigação que Folman faz do próprio passado é sufocante: a cada momento que a trama avança, fica evidente que os motivos das suas amnésias são perfeitamente compreensíveis, com o horror das mortes e violência que advém do conflito bélico entre judeus e árabes crescendo numa proporção assustadora.

De certa forma, a utilização de recursos de animação permite uma suavizada na visão sobre um tema tão espinhoso, mas Folman, de forma precisa, abandona por breves momentos os traços desenhados quando na conclusão da investigação e mostra em live action os sangrentos resultados de um massacre em um campo de refugiados palestinos promovido por judeus. Independente da causa com que o espectador possa se identificar, é difícil o mesmo ficar impassível diante de uma exposição tão crua dos efeitos de um conflito bárbaro como esse.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Heavy Traffic, de Ralph Bakshi ***1/2


Tentar decifrar a trama de “Heavy Traffic” (1973) não é o que efetivamente interessa nessa inquietante animação. Na realidade, o filme é uma verdadeira viagem sensorial em termos visuais e sonoros. O diretor Ralph Bakshi abusa de uma estética psicodélica, típica em produções da época, ao mesmo tempo que incorpora elementos da cultura black, principalmente no que se refere aos quesitos comportamentais e musicais. Aliás, a trilha sonora de “Heavy Traffic” é uma preciosidade: além de trazer alguns sucessos da época (incluindo até mesmo Sérgio Mendes), os temas incidentais misturam levadas rítmicas lânguidas com uns climas lisérgicos que contribuem para manter o tom surreal do filme. No final das contas, dá para resumir a obra como um pequeno épico onírico soul psicodélico ambientado em uma Nova Iorque imaginária, servindo como um excelente prenúncio estético para outras excepcionais obras realizadas por Bakshi, como “American Pop” (1981) e “Fogo e Gelo” (1983).

Evocando Espíritos, de Peter Cornwell **1/2


Apesar de “Evocando Espíritos” (2009) ser o seu longa metragem de estréia nos Estados Unidos, Peter Cornwell não é um nome tão desconhecido no meio dos interessados no gênero fantástico. Ele é o diretor do curta de animação em stop-motion “Ala 13” (2003), um insano e alucinado conto de horror sobre um pobre coitado que vai parar em um hospital tomado por médico que fazem experiências nada amenas com seus pacientes, auxiliados por enfermeiros psicóticos e monstros bizarros. Essa pequena obra-prima é um primor na combinação de horror e humor negro, o que tornou Cornwell um nome tremendamente promissor. Dessa forma, “Evocando Espíritos” acaba se revelando uma obra decepcionante. Não que seja um filme ruim. Há algumas boas seqüências envolvendo assombrações, sangue e tensão, mas no geral o puro horror sucumbe a um drama familiar pouco convincente e superficial, igual a tantas outras produções de terror assépticas que seguidamente aparecem nos cinemas. Faltou aquele espírito ousado e sem concessões de “Ala 13”.

terça-feira, outubro 06, 2009

Stavisky, de Alain Resnais ***1/2

Na superfície, “Stavisky” (1974) parece mais “normal” do que boa parte da cinematografia de Resnais. O filme pode até ser realmente mais convencional na comparação com filmes como “Hiroshima Meu Amor” (1959) ou “O Ano Passado em Marienbad” (1961), mas a narrativa cerebral e o distanciamento emocional tão característicos do diretor estão lá presentes. Resnais alterna sobriamente tanto rigor como inventividade formais para focar a derrocada de um picareta e envolvente homem de negócios (Jean Paul Belmondo, em atuação ultra cool). Mesmo não estando entre as obras mais expressivas de Resnais, “Stavisky” é uma obra de peso.

As Estátuas Também Morrem, de Alain Resnais ****


Assim como em “Noite e Nevoeiro” (1955), o cineasta Alain Resnais faz de “As Estátuas Também Morrem” (1953) um documentário que parte de uma abordagem distanciada e ilusoriamente didática para retratar uma situação fortemente dramática. Na obra em questão, a visão antropológica sobre estátuas africanas traz uma amarga e contundente reflexão sobre o colonialismo e o racismo. A câmera passeia pelas obras de arte com um estilo que varia do registro falsamente frio até um olhar apaixonado sobre tais objetos. Não à toa, esse embate entre o cerebral e o emocional pautou boa parte da filmografia posterior de Resnais.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Noite e Nevoeiro, de Alain Resnais ****


A II Guerra Mundial foi o evento mais importante e marcante do século XX. É claro que isso não é novidade para ninguém, mas também não dá para esquecer que esse conflito serviu como inspiração para uma infinidade de filmes, memoráveis ou não. Por isso, é até complicado tentar afirmar qual seria a melhor obra cinematográfica envolvendo o tema. Creio, entretanto, que “Noite e Nevoeiro” (1955) chega bem perto desse título. Esse documentário dirigido por Alain Resnais é um retrato impressionante sobre os famigerados campos de concentração nazistas. Resnais adota uma narrativa distanciada e aparentemente fria, que parece anteceder a sua particular concepção formal para “Hiroshima Meu Amor” (1959) e “O Ano Passado em Marienbad” (1961). A câmera serena e objetiva registra o já abandonado campo de Auschwitz em vários detalhes e nuances, acompanhada de um texto preciso e quase impessoal, falado em tom vago e etéreo, que descreve uma boa parte dos horrores e atrocidades cometidos naquele nefasto local. E o que era na superfície um relato visual e textual desprovido de sentimento aos poucos e sutilmente ganha uma carga dramática feroz. É nessa abordagem ambígua que se concentra o poder de fogo de “Noite e Nevoeiro” – é como se Resnais nos lembrasse da impossibilidade de ficarmos impassíveis diante de lembranças tão dolorosas sobre a crueldade humana, mesmo que se tente buscar uma visão puramente histórica e isenta de emoções.

Hiroshima Meu Amor, de Alain Resnais ****


“Hiroshima Meu Amor” (1959) é aquele tipo de produção que causa certos receios para algumas platéias. Afinal, é considerado um dos momentos chaves da história do cinema, além da já ter recebido uma infinidade de artigos escritos que realçam os seus aspectos herméticos/complexos. É claro que não dá para assistir ao mesmo esperando aquela linguagem comum e linear que a maioria das obras que se assiste costuma oferecer. O diretor Alain Resnais faz de seu filme um intrigante quebra-cabeça narrativo. Há uma trama de forte teor simbólico e emocional, mas que é embalada por um difuso aspecto formal: diálogos quase literários que parecem distanciados das imagens, enxertos de cenas documentais, alternâncias de espaços temporais. Resnais confronta também uma narrativa intimista com a força esmagadora da própria História. O que torna “Hiroshima Meu Amor” uma experiência cinematográfica definitiva é justamente a consistente unidade formal que se obtém dessa insólita combinação de elementos estéticos.