quarta-feira, novembro 28, 2007

A Dama de Honra, de Claude Chabrol ****


Sempre que a gente acha que o cinema francês está excessivamente coxinha com filmes sem inspiração e excessivamente verborrágicos, acaba aparecendo Claude Chabrol para mostrar que ainda há gente com culhões por aquelas bandas. “A Dama de Honra” não apresenta maiores novidades no velho estilo Chabrol, mas nem precisava, pois o cara atingiu um nível tão foda que dispensa inovações. A tensão psicológica e a elegância no filmar do velho mestre francês mostram que ele é um dos melhores discípulos que Hitchcock já teve. “A Dama de Honra” impressiona também pela caracterização de seus personagens: em meio a uma assassina fria e sexy e um pobre coitado que não sabe o que fazer direito, há uma dureza emocional em que não existe espaço para redenção ou outros tipos de concessões. O resultado acaba sendo um dos suspenses mais impressionantes dos últimos anos.

C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor, de Jean-Marc Vallée ***1/2


O grande barato dessa produção canadense de 2005 é enquadrar a sua temática (homossexualismo e o respectivo preconceito social e familiar) num contexto bem humorado e pop, ainda mais que boa parte do filme se passa na primeira metade dos anos 70, auge do Glam Rock, movimento musical que tinha por característica básica a androginia. Mesmo não chegando no nível de uma obra-prima como o genial “Velvet Goldmine” de Todd Haynes, “C.R.A.Z.Y.” tem ótimos momentos, principalmente aquele em que o protagonista paga um tremendo mico, quando adolescente, ao dublar David Bowie cantando “Space Oddity”, com direito inclusive ao seu rosto pintado com um raio, no seu quarto, mas com toda a rua assistindo e tirando sarro. E por mais que o filme caia em algumas obviedades sentimentais, é inegável que ele tenha uma considerável força dramática em algumas seqüências, principalmente no que se refere ao relacionamento do personagem principal com o seu pai e os seus irmãos.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Filmes das duas últimas semanas (cotações de 0 a 4 estrelas)

1408, de Mikael Hafström **1/2
O Passado, de Hector Babenco **1/2
Leões e Cordeiros, de Robert Redford **
Planeta Terror, de Robert Rodriguez ****
Sede de Viver, de Vincente Minnelli ****
Jogos Mortais 4, de Darren Lynn Bousman ***1/2
Depois do Casamento, de Susanne Bier **1/2
Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, de Sam Peckinpah ****
Quarteto Fantástico, de Oley Sassone ½ (meia estrela)
Os Donos da Noite, de James Gray ***1/2
Vida e Morte de Peter Sellers, de Stephen Hopkins ***
O Albergue 2, de Eli Roth ****
Interlúdio, de Alfred Hitckcock ****
Jackie Brown, de Quentin Tarantino ****
Amanhecer Violento, de John Milius ****

segunda-feira, novembro 05, 2007

Filmes da Semana (Cotações de 0 a 4 estrelas)


Os Atores, de Bertrand Blier ***
O Barco da Liberdade, de Bruno Podalydes ***
Senta a Pua, de Erik Castro **
The Devil And Daniel Johnston, de Jeff Feuerzeig ****
Olhe Para os Dois Lados, de Sarah Watt **1/2
Conan – O Bárbaro, de John Milius ****

quinta-feira, novembro 01, 2007

O Esquilo Vermelho, de Julio Medem ****


O diretor espanhol Julio Medem geralmente oferece em seus filmes uma original concepção narrativa e formal. São obras que inicialmente parecem atuar dentro do gênero drama, mas com o desenrolar de suas tramas vão revelando elementos de cinema fantástico, mas sob uma ótica insólita, onde esse aspecto da fantasia brota de traços psicológicos e de delírios. “O Esquilo Vermelho” se enquadra perfeitamente nesses parâmetros tão característicos de Medem. O roteiro do filme é uma estranha e magnífica combinação de amnésia, coincidências, sonhos, romance e traumas familiares. O que poderia resultar numa confusa narrativa acaba gerando algo que flui com invulgar naturalidade. A câmera de Medem foca a realidade como se fosse o metafísico, gerando dessa forma seqüências de uma beleza onírica impressionante.

Inacreditável - A Batalha dos Aflitos, de Beto Souza **1/2


A rigor e se fossemos analisar “Inacreditável – A Batalha dos Aflitos” por um prisma exclusivamente formal, dentro da cotação desse blog tal produção seria no máximo uma estrela. Afinal, o diretor Beto Souza demonstra pouco brilho ao conciliar burocraticamente entrevistas de jogadores, comissão técnica, dirigentes e torcedores com imagens de arquivo da dura trajetória do Grêmio na campanha da Série B em 2005 e principalmente do inesquecível jogo final com o Náutico. Ocorre, entretanto, que os fatos em si são tão empolgantes que não tem como o expectador se manter impassível com o filme. O que vai passando nas telas é tão dramático que mesmo sabendo qual será o resultado final da empreitada gremista ficamos num puta clima de tensão. E convenhamos: não é todo os dias que presenciamos numa sessão de cinema uma platéia gritando, batendo palmas e cantando!!

É certo que “Inacreditável – A Batalha dos Aflitos” não entra na minha (ou na de qualquer apreciador de cinema) lista de melhores filmes de todos os tempos. Mas certamente entra naquela de sessões cinematográficas mais memoráveis da minha vida.