segunda-feira, junho 04, 2007

Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood



Confesso que estranhei a preferência da maioria das pessoas em relação à “Cartas de Iwo Jima” do que “A Conquista da Honra”, os dois filmes que Clint Eastwood realizou mostrando o conflito armado entre norte-americanos e japoneses na ilha de Iwo Jima sob duas óticas diferentes. Não que “Cartas de Iwo Jima” não seja um bom filme: o clima fortemente tenso de algumas cenas, a rigorosa e bem azeitada recriação das batalhas entre os dois exércitos e o lúcido questionamento sobre o inflexível código de honra dos militares japoneses fazem do filme um espetáculo cinematográfico de grandeza inquestionável. Deve-se considerar, entretanto, que “Cartas de Iwo Jima” em alguns momentos resvala num certo academicismo excessivo, e mesmo o foco constante sobre a validade da defesa do árido território da ilha torna o filme um pouco cansativo e solene demais em determinadas seqüências. Não há aquela magnífica alternância de passado e presente que permeia toda a metragem de “A Conquista da Honra” e nem a ambivalência da oposição entre heroísmo e desmistificação que é o cerne desse último.

A verdade é que “Cartas de Iwo Jima”, assim como no superestimado “Menina de Ouro”, apesar de ser um ótimo filme, deixa essa leve impressão de decepção porque sempre esperamos muito de Clint Eastwood, um cineasta que já nos ofereceu inesquecíveis obras primas como “O Imperdoáveis”, “Sobre Meninos e Lobos” e “Um Mundo Perfeito”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Peço vênia para discordar, Menina de Ouro é, sim, um grande filme, não tem nada de superestimado. Talvez seja tão simples que cause que cause estranheza para quem está habituado à ideia de que "filme de Oscar" tem de ser aparatoso e super-caro. Mas nada disso tira sua profundidade e beleza.