quinta-feira, março 19, 2009

5 Frações de Uma Quase História, de Cristiano Abud, Cris Azzi, Thales Bahia, Guilherme Fiúza, Lucas Gontijo e Armando Mendez **


É óbvio que filmes episódicos têm uma forte tendência em serem irregulares na sua consistência artística. “5 Frações de Uma Quase História”, produção brasileira de 2008, é exemplo claro disso. São cinco tramas destoantes entre si, tanto tematicamente quando nas suas respectivas concepções formais. Vai de alguns delírios de inspiração experimental até narrativas mais tradicionais, num caldeirão de referências que abarca de David Lynch a Nelson Rodrigues. Todos os diretores dessa criação coletiva buscam também uma certa autenticidade mais característica do cinema nacional de algumas décadas atrás, mas o resultado final é até asséptico demais. Em vez daquele tom popular anárquico e indiretamente subversivo do cinema “udigrudi” ou da Boca do Lixo, tem-se um filme bem comportado, metido a moderninho e que parece seguir algum manual de faculdades de cinema. Faltou a coragem, por exemplo, de “Conceição – Autor Bom é Autor Morto”, produção nacional recente que tem uma proposta conceitual bem semelhante, mas que não tem medo de meter o pé na jaca ao se aprofundar em referências ora intelectuais ora grotescas. De qualquer forma, vale uma conferida por algumas boas interpretações e por algumas seqüências mais irônicas.

2 comentários:

Marco disse...

Caro André Kleinert, gostaria de saber tua opinião acerca de "Watchmen". Presta?

André Kleinert disse...

Caro Marco,
É melhor do que eu esperava... Mas isso não quer dizer que o filme é exatamente bom. O que sustenta o filme é basicamente o fato da trama original do quadrinhos ser brilhante, apesar do roteirista tem simplificado muitas passagens, além de reduzir o filme em algumas seqüências a um sub-Matrix. Aliás, as cenas de ação são pessimamente dirigidas (assim como "300").