quinta-feira, abril 22, 2010

Corumbiara, de Vincent Carelli **1/2


A intenção principal de Vincent Carelli ao realizar “Corumbiara” (2009) não foi de ganhar prêmios em festivais ou ser um sucesso de bilheteria. Seu trabalho privilegiou o lado social e antropológico de registrar provas do massacre da tribo indígena por latifundiários, assim como buscar pelos últimos sobreviventes. Nesse sentido, Carelli foi bem sucedido ao converter em imagens um dos lados mais obscuros e perversos da realidade brasileira. O cineasta conseguiu também obter cenas memoráveis, ainda que às vezes um pouco enfadonhas, de rituais e outras práticas culturais que até então pouco ou nada havia merecido alguma espécie de documentação. Por seus méritos formais, entretanto, “Corumbiara” frustra por apresentar uma linguagem convencional em demasia. O ambiente focalizado, as selvas do norte brasileiro, poderiam ter sido melhores aproveitadas. Não há tanto daquela sensação de opressão e sufoco das matas selvagens, coisa que filmes como “Apocalipse Now” (1979) ou “Fitzcarraldo” (1982) conseguiram explorar com mais habilidade. De qualquer forma, essa limitação na forma de filmar, provavelmente, pode ter sido originado das próprias condições precárias da produção.

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