quarta-feira, dezembro 05, 2012

Abraham Lincoln: Caçador de vampiros, de Timur Bekmantov **1/2


Dentro dessa onda atual de misturar fatos históricos ou clássicos literários com elementos de horror, em voga tanto no cinema quanto na literatura, “Abraham Lincoln: Caçador de vampiros” (2012) acaba sendo emblemático das opções criativas, limitações e contradições que norteiam tal tendência. Seria fácil julgar essa produção dirigida pelo russo Timur Bekmantov como um besteirol inconseqüente destinado apenas a satisfazer o público adolescente. O filme, entretanto, apresenta certas ousadias estéticas, a começar pelo trabalho bastante estilizado de fotografia e direção de arte. Os excessos das trucagens por vezes emulam um vídeo game, mas em outros momentos trazem um estranho encanto visual pelo seu tom sombrio. Permeia também a narrativa uma atmosfera bizarra e difusa – por mais esdrúxula que seja a trama, ao mostrar o célebre presidente norte-americano em guerra contra criaturas vampirescas, em nenhum momento o roteiro busca a paródia voluntária. Na verdade, o filme carrega uma carga metafórica forte, até pouco sutil, ao relacionar as vilanias dos vampiros com as posições reacionárias e escravocratas do sul dos EUA durante a Guerra da Secessão. Nesse contexto, assim como outras obras recentes que utilizam figuras clássicas da cultura fantástica (zumbis, vampiros, lobisomens, bruxas), a carga sinistra de tais personagens é reduzida – não são criaturas assustadoras, mas sim entes a serem abatidos sem a menor cerimônia. Desagradando-se ou não com tais escolhas temáticas e formais, é inegável que “Abraham Lincoln: Caçador de vampiros” é o tipo de filme que dificilmente não causa alguma reação por parte da platéia – para o bem ou para o mal...

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Eu até que gostei na época, mas é um filme que poderia ir mais longe mas que infelizmente acabou se entregando a certos vícios do cinemão americano.