segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro ***


A diretora Renata Pinheiro foi colaboradora em alguns dos principais filmes do recente cinema pernambucano, como “A erva do rato” (2011) e “Tatuagem” (2013). Essa experiência prévia fica evidente em seu longa de estréia, “Amor, plástico e barulho” (2013) – tal obra se mostra em sintonia existencial e artística com os trabalhos citados. E no que consiste essa relação? Em termos estéticos, é o uso de um formalismo audacioso e sem medo de afrontar os limites do bom gosto, enquanto a parte temática versa sobre o questionamento da moral pequeno burguesa e a valorização de elementos culturais populares. Na produção dirigida por Renata, essa conjunção fica patente em alguns elementos fascinantes: a direção de arte criativa e esfuziante que gera um sensorialismo atordoante e por vezes encantador, a constante atmosfera hedonista que varia entre o sórdido e o ingênuo, o senso imagético marcante em algumas cenas (com destaque para a ambientação lânguida e perversa na sequência de abertura, o melancólico número musical do ensaio de uma apresentação e a passagem onírica dentro de um ônibus), a marcante trilha sonora misturando bagaceirismo e modernidade. Por outro lado, Pinheiro não tem a mesma classe de Cláudio Assis e Hilton Lacerda para manter uma narrativa equilibrada e fluente. Ainda sim, “Amor, plástico e barulho” honra a tradição recente cinematográfica de Pernambuco ao se configurar como uma obra incômoda, ousada e vivaz.

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