quinta-feira, outubro 26, 2006


Edison, de David J. Burke (zero estrela)

Sou um cara que em termos cinematográficos procura não ter preconceitos. Procuro assistir de tudo, pois tenho a opinião de que em algumas oportunidades podemos encontrar pérolas de onde menos se espera. Ao mesmo tempo, confesso que tenho um carinho especial por certos gêneros, no sentido de que geralmente quando aparece alguma obra numa dessas áreas preferenciais acabo indo assistir, mesmo não tendo muitas referências. Dentro desses meus gêneros favoritos, os policiais ocupam um lugar muito especial. Afinal, um filme dessa linha lida bastante com elementos primordiais da linguagem cinematográfica como movimentos de câmera, fotografia e edição. Esse apuro estético nos filmes policiais pode ser constatado em obras primas do gênero como “Operação França”, “Viver e Morrer em Los Angeles” e “Bullit”.

Bem, toda essa breve digressão sobre o cinema policial serve para mostrar que me sinto totalmente à vontade para dizer que “Edison”, produção norte-americana de 2005, é uma das coisas mais constrangedoras já feitas no gênero e certamente o pior filme que assisti nesse ano de 2006 no cinema. O diretor David J. Burke parece nunca ter assistido alguma obra do gênero. A dinâmica narrativa de “Edison” é truncada e sem vida. Para Burke, algo básico como montagem se limita a truques de video clip. O roteiro também é um caso a parte em termos de ruindade. Vários clichês são regurgitados (corrupção na polícia, jornalistas e corretores em busca da verdade, represálias contra os “mocinhos”), mas são trabalhados da forma mais mecânica possível. Não há aquela naturalidade e paixão que faz com que até os elementos previsíveis possam ser causadores de tensão e interesse (coisa que o mestre Michael Mann ensina com brilhantismo nos magníficos “Colateral” e “Miami Vice”).

O que também ajuda “Edison” a naufragar é o péssimo trabalho de caracterização de personagens e de atuação dramáticas do elenco. Morgan Freeman repete de forma piorada o seu eterno papel de “amigo do mocinho que dá conselhos sábios”, enquanto que Kevin Spacey tem um trabalho quase nulo de interpretação, dedicando-se mais a olhares canastrões e fazer caras e bocas (sério, mas a impressão que se tem é que o cara está mais preocupado em mostrar o seu corte de cabelo). Já em relação a Justin Tinberlake e LL. Cool J é aquela coisa: Tinberlake é um cantor pop legal e Cool J já fez belos discos de rap, mas como atores são risíveis.

Eu tenho uma certa filosofia em relação a filmes: nunca recomendo que uma pessoa não assista a um filme. Afinal, seria meio injusto que é uma impressão ruim minha tivesse a possibilidade de fazer com que alguém deixasse de ver uma obra que pudesse gostar. Por isso, assistam “Edison” e vejam como fazer tudo errado em uma produção cinematográfica. E aqui também caio naquele velho lugar comum: em alguns momentos a incompetência é tanta que chega a ser engraçado!!

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