quarta-feira, outubro 25, 2006


Evil Dead – A Morte do Demônio, de Sam Raimi ****

Lembro-me que quando finalmente compraram um vídeo cassete lá em casa, por volta de 1989, um dos primeiros filmes que peguei na locadora para assistir foi “Evil Dead – A Morte do Demônio”, de Sam Raimi. Eu já tinha assistido à sua magnífica seqüência “Uma Noite Alucinante” no cinema, e que me tinha deixado curioso para assistir a primeira parte. Apesar de terem tramas bem parecidas, os filmes se diferenciam bastante pelo enfoque. Enquanto que na continuação existe uma forte tendência para a comédia de humor negro, em “A Morte do Demônio” temos uma pura obra de horror com momentos de tensão fortíssimos.

Numa revisão recente que fiz que de “A Morte do Demônio”, fiquei impressionado ao constatar que o filme conservou de forma irretocável o seu poderoso impacto visual e narrativo. Mesmo que alguns truques de maquiagem pareçam um pouco mais toscos comparados ao que se faz hoje, é de cair o queixo assistir o que Sam Raimi aprontou com tão poucos recursos. Ele abusa do terror explícito, cheio de violência, sangue e pus, mas consegue ao mesmo tempo realizar seqüências em que o suspense chega perto do insuportável. O expectador fica com a constante impressão de estar fazendo uma verdadeira descida ao inferno ao acompanhar a angustiante história de Ash (Bruce Campbell) e seus amigos que vão sendo dizimados um a um de forma pavorosa por cruéis demônios.

Sam Raimi também já se mostrava nesse seu trabalho de estréia como um tremendo cineasta ao revelar aguçado apuro técnico, mesmo não tendo muita grana a disposição. Os movimentos de câmera são ágeis e intensos, oferecendo ângulos insólitos e que dão uma dinâmica fascinante para “A Morte do Demônio”. Dessa forma as seqüências antológicas vão se sucedendo de forma fantástica. A começar pela sugestão dos espíritos maléficos correndo pela floresta em direção à cabana em que os personagens estão refugiados, movimento esse que é evidenciado pelo frenético travelling da câmera. Inesquecível também é o momento em que uma das vítimas corre pela floresta e acaba sendo presa e estuprada pelas árvores, num trabalho de trucagem perfeito.

Depois de “Uma Noite Alucinante”, Sam Raimi dirigiu um terceiro segmento da série “Evil Dead”, o fabuloso “Army of Darkness”, uma mistura inacreditável de aventura épica, horror e comédia, fechando de forma brilhante a sua trilogia. É claro que Raimi dirigiu outros filmes maravilhosos (“Darkman”, “Um Plano Simples”, “Homem Aranha 2”), mas o seu grande pico criativo continua sendo “A Morte do Demônio” e suas inspiradas seqüências.

Nenhum comentário: