quinta-feira, dezembro 21, 2006

Os Eternos Desconhecidos, de Mario Monicelli ****

Essa produção de 1958 é um dos grandes pontos altos tanto da carreira de Mario Monicelli como do próprio cinema italiano. O que acho de mais fascinante no filme é a forma simplesmente mágica que Monicelli consegue combinar uma comédia de tom quase anedótico com tintas neo-realistas. Os principais personagens de “Os Eternos Desconhecidos” são pessoas pobres e simples, sendo que os seus problemas diários são mostrados numa forma quase crua. O genial é que apesar disso a mão do cineasta nunca pesa. A narrativa mantém sempre um tom leve e bem-humorado, mesmo que não percamos durante todo o filme a noção da realidade dura das pessoas. O próprio crime a ser praticado pelos personagens é retratado de forma tão carinhosa e patética que dificilmente conseguimos levar a sério o grau de periculosidade dos mesmos. E é claro que vale destacar as brilhantes e hilárias atuações de Vittorio Gassman, Marcello Mastroianni.

“Os Eternos Desconhecidos” é de um tempo em que o cinema italiano não confundia sentimentalismo com a manipulação emocional excessiva típica dos filmes recentes de Giuseppe Tornatore e assemelhados, além de ter ajudado a forjar uma linguagem própria da cinematografia de seu país.

2 comentários:

El Thomazzo disse...

'Só' um de meus filmes favoritos. Que elenco, que filme humano, que comédia que você se importa com as situações, que atuações. Que filme, em resumo.

André Kleinert disse...

E é aquilo que eu disso: tem todos esses aspectos que tu citaste e não cai no sentimentalóide tipo "Cinema Paradiso".