quarta-feira, junho 13, 2012

Prova de artista, de José Joffily ***


O diretor José Joffily parece traçar um verdadeiro universo paralelo no documentário “Prova de artista” (2011): dentro de um país como o Brasil, onde predomina no quotidiano das pessoas ritmos musicais populares e “dançáveis”, o filme focaliza o quotidiano de jovens instrumentistas de música clássica em busca de espaço em alguma orquestra. A obra cinematográfica em questão procura, dentro de sua estrutura formal, uma sintonia espiritual e estética com o próprio gênero musical que aborda – a condução da narrativa tem um tom rigoroso, valoriza o silêncio na mesma medida que privilegia a música, por vezes evoca uma atmosfera quase solene e busca equacionar emoção e cerebralismo. Por mais que enfatize como aspectos sociais e íntimos podem afetar a trajetória profissional de seus protagonistas, “Prova de artista” deixa claro a necessidade primordial de uma auto-disciplina para atingir um elevado grau de sensibilidade na arte musical. Não chega a ser uma visão conservadora. Afinal, como sugere o oboísta Ricardo, tal determinação para o músico permite uma compreensão da arte que o permite transcender, uma noção de envolvimento com a música que faz com que o instrumentista, inclusive, esqueça o instrumento em si e se deixe levar pelas harmonias e melodias.

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