terça-feira, junho 05, 2012

Quando a noite..., de Cristina Comencini **1/2


A premissa inicial da produção italiana “Quando a noite...” (2011) é bastante interessante no sentido de explorar a questão da suposta incondicionalidade do amor materno. Pelo menos nos dois terços iniciais do filme, a diretora Cristina Comencini utiliza uma formatação de suspense psicológico, situando a trama em um vilarejo turístico no meio das montanhas, onde Marina (Claudia Pandolfi) passará alguns dias com seu filho ainda bebê hospedada na parte de cima de uma casa rústica. A protagonista progressivamente se mostra cada vez mais irritada com os choros e manhas constantes da criança. Manfred (Filippo Timi), senhorio do prédio que mora no andar de baixo, observando e escutando o que ocorre no andar acima, acredita que a criança está em perigo nas mãos de Marina. Comencini deixa nebulosos os fatos e as intenções de Marina, estabelecendo uma atmosfera tensa justamente pelo fato do espectador não saber o que efetivamente está ocorrendo, até porque a própria Marina parece se questionar em relação ao seu amor materno. As paisagens gélidas e selvagens onde boa parte da história se desenrola colabora para a sensação de estranhamento e ambiguidade que paira sobre a obra. Tal atmosfera de mistério, entretanto, desvanece-se quando no terço final o roteiro dá uma esdrúxula virada – Marina e Manfred se descobrem apaixonados, e a love story deslocada joga para escanteio boa parte da originalidade e do impacto de “Quando a noite...”. No final das contas, até vale ver o filme pelos seus elementos insólitos iniciais, mas se fica com aquela sensação de que tal produção poderia ter sido bem melhor....

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