sexta-feira, junho 27, 2014

Ela vai, de Emmanuelle Bercot **1/2


Catherine Deneuve se sobressaiu como mito cinematográfico mais pela força da sua presença cênica do que pelos seus recursos dramáticos. Assim, suas atuações mais marcantes sempre estiveram muito vinculadas à genialidade de diretores como Truffaut (“O último metrô”), Roman Polanski (“Repulsa ao sexo”) e Luis Buñuel (“A bela da tarde”) que souberam aproveitar a magnitude de sua persona. Em “Ela vai” (2013), é bastante evidente que a diretora Emmanuell Bercot, que está longe do brilhantismo formal e temático dos cineastas mencionados, construiu uma narrativa que serve de suporte para o carisma de Deneuve, com uma trama que alude ao dilema mais premente da carreira da atriz (a da bela mulher que envelheceu e questiona o seu espaço na sociedade perante a sua atual condição). O roteiro varia entre um drama de tons naturalistas e a comédia de discretos toques irônicos, e por vezes até consegue convencer na atmosfera crepuscular algo melancólica das desventuras da protagonista Bettie (Deneuve). No terço final do filme, entretanto, tudo se formata para moldes convencionais e de soluções fáceis, lembrando até as conclusões bonitinhas de típicas comédias românticas norte-americanas. Ainda assim, “Ela vai” ainda acaba valendo pela divertida e afetadíssima atuação do garoto Nemo Schiffman e nas engraçadas cenas do almoço campestre nas suas tomadas finais.

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