Não considero que grandes filmes sejam obras sagradas que não
possam de forma alguma receber uma nova versão. Se um diretor pode oferecer uma
visão diferenciada numa adaptação, não há por que ficar bancando o fã xiita. No
mais, cinema também é indústria e é quase inevitável se um produto deu certo
num mercado que ele vá ser lançado em outra freguesia com uma nova roupagem. Assim,
diante dessa breve argumentação, fico à vontade para dizer que eu guardava uma
boa expectativa para a revisão norte-americana do sul-coreano “Old Boy” (2003).
Primeiro porque a produção original é uma obra-prima, e segundo porque o
diretor envolvido nessa versão seria Spike Lee. Além disso, mesmo o primeiro
filme já era uma adaptação de uma HQ, sendo que dessa forma se poderia encarar
a nova versão como mais uma visão sobre a mesma obra. O resultado final,
entretanto, ficou abaixo do esperado. Não que “Old Boy - Dias de vingança” (2013) seja ruim. Longe
disso. Dá até para dizer que por vezes o filme fique acima da média no que se
faz atualmente no gênero ação nos Estados Unidos. Spike Lee tem ótima mão para
as cenas de ação e não economiza nem um pouco na violência. O que incomoda
nessa versão é a falta de uma efetiva tensão dramática. A narrativa pende muito
para o exagero cartunesco, culpa de uma direção excessivamente operística de
Lee – o virtuosismo exagerado do diretor em alguns momentos acaba jogando
contra o filme, retirando muito das peculiares nuances dramáticas da produção
coreana. E em se tratando de um filme de Lee, surpreende de forma negativa como
o seu elenco no geral apresenta atuações tão canastronas (com exceção de Josh
Brolin, que mesmo numa interpretação over mostra porque é um dos atores
norte-americanos mais cativantes da atualidade).
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