segunda-feira, agosto 18, 2014

Chef, de Jon Favreau **

A trama de "Chef" (2014) parece traçar um paralelo com a própria carreira artística de Jon Favreau, diretor do filme em questão, ao mostra a história do chef de cozinha Carl Casper (Favreau) que após ser demitido de um restaurante de prestígio e ter uma crise histérica com um crítico culinário acaba se tornando dono e principal cozinheiro de um velho trailler que vende sanduíches mexicanos, e nesse processo acaba reencontra a essência no prazer de cozinhar e até mesmo se torna um melhor pai para o seu filho pequeno. Esse roteiro pleno de clichês sobre superação e lições de vida afins evoca de forma metafórica o fato de que Favreau se projetou inicialmente como protagonista de "Swingers" (1996), um dos clássicos do cinema independente norte-americano dos anos 90, e depois acabou se integrando dentro do esquema das grandes produções de Hollywood, com destaque para situação de ter se tornado o diretor das duas primeiras partes da franquia milionária "Homem de ferro". Nesse sentido, Chef poderia representar uma espécie de volta às raízes de Favreau a produções de menor orçamento em nome de um cinema mais "humano" ou "artístico". Se a intenção era essa, contudo, o resultado final acaba deixando bastante a desejar. "Chef" é convencional em excesso e destituído de qualquer espécie de ousadia formal e temática. Tanto que lá pela metade do filme se fica com a impressão de que todos os conflitos estão resolvidos da forma mais fácil possível, não havendo praticamente nada de tensão dramática e restando ao longo da metragem um desfile incessante de pratos aparentemente bastante apetitosos (e calóricos) sendo elaborados e devorados. Ou seja, é até fácil de ver, mas também de esquecer... Há muito mais vida e criatividade em qualquer um dos dois filmes do "Homem de ferro" que Favreau dirigiu. E se alguém estiver interessado em ver "Chef" porque gosta de relação cinema e comida, vale muito mais a pena assistir (ou mesmo rever) a algumas obras-primas cinematográficas gastronômicas como "A comilança" (1973) ou "A festa de Babette" (1987).

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