quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Corações de ferro, de David Ayer **1/2


Em linhas gerais, o roteiro de “Corações de ferro” (2014) é o supra-sumo da reunião de clichês de aventuras situadas na 2ª Guerra Mundial: um sargento durão (mas, no fundo, com bom coração) comanda um regimento “variado” de tipos, indo de um religioso de bom senso, passando por um latino engraçadinho e chegando num cara feioso, sujo e toscão (e, assim como o referido sargento, com um lado sentimental e bonzinho). Recém chegado a esse grupo tem um soldado cheio de ideais pacifistas e de forte natureza contestatória, mas que com o tempo aprende a respeitar seus companheiros e se torna tão eficiente quanto eles na tarefa de matar nazistas. Depois de passarem por alguns difíceis percalços em batalhas sangrentas, encontrarão a redenção num conflito final suicida contra uma tropa gigantesca de alemães, numa carnificina incessante com direito a lições de honradez e patriotismo e alguns auto-sacrifícios sangrentos. É claro que o único sobrevivente é o tal do noviço, que por fim reconhece na totalidade o heroísmo de seus colegas. Sim, isso já foi visto incessantemente em obras do gênero, mas não é isso que torna o filme do diretor David Ayer tão frustrante. O problema é que todos esses lugares comuns são formatados sob uma ótica burocrática e sem inspiração. As situações se sucedem de forma protocolar e esquemática, com uma encenação que se limita ao competente. Não há aquele virtuosismo brutal e alucinado de “O resgate do soldado Ryan” (1998) ou a atmosfera de doentia tensão de “Bastardos inglórios” (2009). As interpretações canastronas do elenco em geral (com “destaque” para um Brad Pitt no auge da inexpressividade) são reflexos das concepções nada ousadas de “Corações de ferro”.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Brad Pitt somente tem bom desempenho na atuação nas mãos de David Fincher